31 dezembro 2007

BOM ANO NOVO

De forma mais ou menos rimada, deixo os meus votos de boas "saídas" e ainda melhores "entradas" e que dois mil e oito vos traga, tudo de bom.
Sobretudo sejam felizes!
E já agora se não é pedir muito façam também os outros felizes!
Eu por mim prometo fazer o mesmo!

DOIS MIL E SETE MAL ACABOU
E DOIS MIL E OITO COMEÇOU
COM TODO ESTE SEU ESPLENDOR
QUE TENHAM MUITA SAÚDE
E QUE DEUS TAMBÉM OS AJUDE
A TER PAZ, DINHEIRO E AMOR!

09 dezembro 2007

AS CHAROLAS

"As Vivas..."

O ano está a terminar e vão ouvir-se cantar as nossas Charolas. Grupos tradicionais do sotavento algarvio que á semelhança dos Grupos de Janeiras, noutras zonas do País, saúdam cantando a chegada de um Novo Ano.

No reportório das Charolas do concelho de Faro e de São Brás de Alportel, (ou não fosse este concelho, uma antiga freguesia de Faro) existe a Valsa das Vivas que serve para saudar e agradecer a hospitalidade, aos donos das casas e a todos os que assistem á actuação do Grupo.

Por vezes algum dos presentes também intervém, dizendo uma viva agradecendo a presença do grupo ou saudando outra pessoa, pelo que durante a valsa, o homem do apito, procura saber se alguém tem vivas para fazer, dando-lhe também a oportunidade de as dizer.

Mais modernamente as Vivas, têm indo degenerando de tal forma que alguém já lhes chamou “chacotas”, servindo actualmente não só para saudar e agradecer, como principalmente para criticar de forma jocosa, irónica ou satirica, as pessoas, os autarcas, até os membros do Governo.

Esquecendo ou ignorando o significado da palavra “viva”, neste momento esta palavra raramente entra na construção dos versos que se dizem na respectiva valsa.

Meramente a título de exemplo deixo aqui algumas vivas. Agora é só imaginar o som da valsa, fazer sinal ao homem do apito e no momento certo, dizer:

EU VOU TIRAR UMA VIVA
COMO MANDA A TRADICÇÃO
VIVA A NOSSA COMITIVA
VIVAM QUANTOS AQUI ESTÃO!

UMA VIVA VOU TIRAR
VAMOS VER SE NÃO ME ENGANO
A TODOS QUERO SAUDAR
COM VOTOS D’UM BOM NOVO ANO!

EU NÃO FAÇO VIVAS Á TOA
MAS FAÇO-O POR GRATIDÃO
DOU UMA VIVA Á PATROA
E OUTRA TAMBÉM AO PATRÃO!

MAIS UMA VIVA VOU TIRAR
UM CONVITE VOS VOU FAZER
QUEM TIVER VIVAS PRA DAR
FAÇA FAVOR DE AS DIZER!

MAIS UMA VIVA VOU TIRAR
FOI UM PRAZER AQUI VIR
ESTARMOS AQUI A CANTAR
E TANTA GENTE A OUVIR!

EU TIRO VIVAS VIVAS FAÇO
COMO MANDA ESTA TRADIÇÃO
VENHO DAR UM GRANDE ABRAÇO
AOS AMIGOS QUE CÁ ESTÃO!

MAIS UMA VIVA VOU TIRAR
CUMPRO ASSIM O MEU DESTINO
PARA QUEM O QUISER BEIJAR
NÓS TRAZEMOS O DEUS MENINO!

MAIS UMA VIVA VOU TIRAR
HOJE ESTOU MUITO AFOITO
A TODOS EU QUERO DEIXAR
VOTOS DE BOM DOIS MIL E OITO!

ESTA VIVA EU REPITO
AQUI E EM TODO O LUGAR
OH JOÃO TOCA O APITO
PARA ESTA VALSA TERMINAR!

10 novembro 2007

HISTORIAS DE GUERRA VIII


"Bassarel ... porta de armas"

Chegaram os “piras”!
Chegaram os periquitos!
Eram os gritos de alegria, dos guerreiros que nos aguardavam em Bassarel.
A “velhice” vai para a “peluda”, os periquitos ficam!
E ficámos!
Eles partiram eufóricos, em direcção a Teixeira Pinto, juntando-se ao seu Batalhão, numa coluna que os levaria até Bissau e daí para casa.

Nós por cá continuaríamos por mais onze meses recheados de episódios, acidentes e incidentes de guerra.

Bassarel, é um pequeno aldeamento, constituído por um aglomerado de “Tabancas”, casas muito rudimentares, situado entre Teixeira Pinto e “Calequisse”.
Um poço de água salobra, com uma bomba manual, serve igualmente a população civil e os militares, situa-se a pouca distancia da porta de armas, assim como, um posto de saúde publica, o qual é unicamente operado pelo nossos guerreiros enfermeiros. Tudo fora do aquartelamento.

Num espaço desmatado e plano situa-se o aquartelamento, idêntico a muitos outros na Guiné, a sua configuração é a de um quadrado, limitado por duas vedações de arame farpado.
A cada um dos seus quatro cantos, instalações para um Grupo de Combate, ao centro funciona o Comando e os serviços da Companhia, tais como secretaria, radiocomunicações, enfermaria, bar, oficina de armamento, oficina de mecânica, armazém de víveres e respectiva cozinha.
Escavado no solo, praticamente invisível esconde-se o paiol, onde são armazenadas as munições.
A iluminação, é fornecida por um gerador eléctrico situado próximo da porta de armas, entre os dois arames.

Como protecção existe em frente ás saídas de todas as instalações, muros construídos com bidões de chapa cheios de areia. Também em cada um dos quatro cantos existe os postos de vigia construídos igualmente com bidões e areia. A completar este esquema de segurança, as valas escavadas na terra, circundam as instalações dos grupos de combate até aos postos de vigia oferecendo também a protecção possível.

Junto à porta de armas, o mastro onde hasteamos a Bandeira Nacional.
Acabado de chegar, o guerreiro do sul, ouve atentamente as explicações do camarada guerreiro que vai substituir, tomando de imediato o comando da alimentação da Companhia.
Tal como o seu antecessor, instala-se no armazém de viveres, onde tem o seu posto de trabalho e a sua camarata.
Para além deste armazém, há um forno para cozer o pão e uma cozinha de campanha, um pouco precária e improvisada mas que na prática funciona.
Aqui está a 3ª. Companhia do Batalhão de Caçadores 4615, instalada e pronta.
Nas instalções do comando, o posto de radiocomunicações já recebe as ordens para as próximas missões.
Se a memória me ajudar, em breve contarei mais alguns episódios de guerra.
Até lá.

07 novembro 2007

DE MIM

"Dizem…"

DIZEM QUE O MEU DEFEITO
É SER MUITO REINADIO
DESCULPEM LÁ O MEU GEITO
NA’ É DEFEITO, É FEITIO!


DIZEM QUE PAREÇO MAIS VELHO
MAS MAIS VELHO EU NÃO SOU
COMO POSSO SER MAIS VELHO
SE SOU DA IDADE QUE SOU?


DIZEM QUE SOU UM CARECA
SÓ POR CABELO NÃO TER
CABELOS TENHO UMA TECA
NOUTRO LADO PODEM CRER!


DIZEM QUE TENHO A MANIA
DE SER MAIS QUE AQUILO QUE SOU
DESCULPEM-ME A IRONIA
MAS E QUEM DIZ QUE ASSIM NÃO SOU?


DIZEM QUE EU SOU TEIMOSO
E FALO COM EXALTAÇÃO
SOU SEMPRE VITORIOSO
MESMO QUE NÃO TENHA RAZÃO!


DIZEM QUE EU FALO DE MAIS
ÁS VEZES PERCO A CABEÇA
ESTRANHO, ERROS GRANDES TAIS
QUE SÓ A MIM ME ACONTEÇA?


EU POR MIM QUERO DIZER
AOS QUE ESTÃO A CRITICAR
QUE FAÇA O QUE FIZER
JÁ É TARDE PARA MUDAR!

21 outubro 2007

FUTEBOLISMO

"Já não o vejo na tv. Raras vezes vou ao estádio."

Aqui estão mais uma vez, dois bons desconhecidos amigos, o Eduardo Graça (Defesa de Faro) e José Neves (APC- Gorjeios) a prosear sobre ver e sentir o futebol, deliciando-me com as suas prosas, na forma particular que cada um tem de fazer “futebolismo”.

Um, amando-o, apresenta uma prosa, idílica quase poética! Fala de resistência, de pequenos clubes, de amadorismo, de convívio, de prazer do jogo…

O outro, fala de mercantilismo, escravatura, perda de honra, paixões suburbanas … numa prosa onde se nota menor amor, quiçá desamor.

Eu por mim falo de competitivismo “feroz”, quase guerra, entre as pessoas, os clubes, as aldeias, as cidades e os países.

Esta competição que se vai incutindo na nossa vivência faz com que tudo dependa de quantas vezes uma simples bola entra na baliza adversária e não na nossa!

Passamos inexplicavelmente ou não, da alegria incontida, a uma tristeza sem par!

Ser campeões é a almejada meta!

O segundo lugar é o primeiro dos derrotados!

Quanto a mim o que realmente estraga o prazer do jogo, é o competitivismo exacerbado que faz com que até no mais puro amadorismo, não se faça o jogo pelo jogo, mas recorra-se constantemente a factores estranhos, como seja, a corrupção, o aliciamento, o favorecimento, etc., adulterando o jogo, os seus regulamentos e a forma de agir dos seus intervenientes.

Dando-me razões para desconfiar, desencanta, desilude e desmobiliza-me.

Já não o vejo na TV. Raras vezes vou ao estádio. Enfada-me.

Mas no fim de tudo isto, volta a paixão!

O clubismo, doença incurável, faz despertar o (im)puro interesse não pelo jogo mas pelo seu resultado!

Renasce o adepto! Incondicional!

14 outubro 2007

DESPORTO REI

"A noticia, as imagens e a prosa ..."

Há algumas noites atrás enquanto tentava ler no APC GORJEIOS, a última prosa de José Neves, sobre o futebolismo, ia ouvindo o telejornal e eis que nem de propósito surge a noticia da assinatura por um miúdo de 8 anos “craque de futebol”, de um compromisso que o liga ao Sporting e o levará para a “Academia Futebolística Leonina”.
A notícia, ilustrada com imagens de vários miúdos a jogar futebol, mostrava o tal miúdo a chutar a bola que ia entrar numa pequena baliza.
"Craque" sem duvida, não á nada a dizer!

A notícia, as imagens e a prosa puseram-me a “magicar”.
Eu ás vezes “magico”.
Não é preciso, mas “magico”!

Hum … (isto sou eu a magicar) qualquer dia numa “autêntica jogada de antecipação”, os clubes já não assinam contratos com as criancinhas, contratam antes as moças que tenham jeito para futebolistas, colocam-nas na Academia, para acasalar com o seu melhor craque e terão a garantia de que no futuro irão ter igualmente grandes craques!
Desta forma todos ficariam a ganhar, os pais, o bebé, o clube, o Eduardo Graça (ADF) com o seu “fluxo”, o José Neves que confirmaria a tese da “escravatura” e eu próprio que além de magicar sou adepto, não me cansaria de bater palmas!
E nem adormecia a meio do jogo que passa na TV, prometo.

O meu neto que tem 9 anos, gosta de brincar com pistolas de plástico e paus a fingir de “cassetetes”, diz que quando for grande quer ser policia, mas os pais não correram para a academia da policia, para assinar o contrato porque esperam que ele ainda mude de ideias.
Aqui está mais uma grande questão. Será que um miúdo de 8 ou 9 anos depois de querer ser craque de futebol ou policia, ainda tem o direito de querer ser outra coisa?

Tal como nos folhetins a sério, esta e outras magicações só terão resposta nos próximos capítulos. Se os houver!
Até lá!

29 setembro 2007

HISTÓRIAS DE GUERRA VII



"O Bachile ..."

Zona muito perigosa, situada a meio caminho entre Teixeira Pinto e Cacheu, no Bachile estava sedeada uma Companhia de guerreiros operacionais Guineenses que operava os “Obuses”.
Nesta Companhia estavam também alguns guerreiros graduados naturais da metrópole.

Mesmo encostada ao Bachile ficava a misteriosa “Caboiana”, mata onde se sabia existir um quartel-general dos “Turras”, nome assustador pelo qual designávamos os guerreiros inimigos, pelo seu lado, eles vingavam-se chamando-nos “Tugas” mas que afinal viemos a saber apenas queria dizer “brancos”.

Na recepção, os “velhinhos” logo tentaram matar-nos de susto, exagerando no seu comportamento, mais parecendo acabados de sair do manicómio do que verdadeiros guerreiros.
Relataram-nos com exagerados detalhes os sucessivos ataques sofridos ao arame, isto é, junto á vedação exterior do aquartelamento. Segundo afirmavam os turras não os deixavam dormir ou descansar porque os confrontos eram quase diários. Viver mais de dois anos naquela situação, tinha-os deixado em estado de semi-loucura!
Tanto ronco tinha-os deixado cacimbados! (tanta festa tinha-os deixado malucos!)

Instalámo-nos como pudemos, iniciando de imediato este inevitável esforço de guerra. Agora, em pleno teatro de guerra, toda as operações eram feitas com grande cuidado, devido ao enorme risco que as envolvia.

Felizmente enquanto permanecemos no Bachile não houve qualquer confronto com os guerreiros inimigos, embora por vezes pressentíssemos a sua presença espiando os nossos movimentos.

Finalmente para nosso alivio, chegou o dia de abandonarmos o Bachile. Deixaríamos um grupo em “Churobrique” e outro em “Chulame” indo o resto da Companhia, incluindo o guerreiro do sul, instalar-se em “Bassarel”, zona teoricamente um pouco mais calma.

No Bachile, mais um pequeno incidente com o guerreiro do sul que aqui "apanhou o paludismo" tendo levado a famosa "injecção de cavalo” o que lhe valeu um enorme inchaço na anca e a perna direita toda apanhada.
Pudera as injecções eram doses para as referidas cavalgaduras, não para humanos, mesmo que guerreiros. Mas o fim justifica o meio e o paludismo foi gradualmente desaparecendo, para alívio do guerreiro do sul.

Nesta breve referência ao Bachile, cabe aqui o relato de um grave incidente de guerra, ocorrido poucos meses após a nossa saída, no qual foram intervenientes o nosso Grupo de Churobrique, um Grupo do Bachile, um Grupo de Combate da 2ª. Companhia e os Fiats da Força Aérea, para além dos guerrilheiros inimigos.
Pelo meio cerca de cinquenta civis que não tendo directamente a ver com a guerra, só porque naquele momento estavam a trabalhar para as nossas tropas, foram dura e barbaramente castigados.

Uma manhã, o Grupo de Combate do Bachile fazia como habitualmente, a escolta a uma berliet com cerca de cinquenta trabalhadores civis que havia uma semana efectuavam trabalhos de “campinagem”, isto é, cortavam o mato que envolvia a estrada para o Cacheu. Atrás, com o objectivo de durante o decorrer dos trabalhos diários, fazer a segurança dos mesmos trabalhadores, seguia um hunimog, com o Grupo de Combate de Churobrique.
Precisamente ao chegar ao local, onde iriam reiniciar os trabalhos, a pouco mais de quinhentos metros do Bachile, foram surpreendidos pelos guerrilheiros inimigos que emboscados na mata, dispararam e lançaram uma grande quantidade de granadas.

De todas as mortes a lamentar, houve uma em particular que a todos causou ainda maior consternação e desespero.

O furriel que chefiava a escolta, tinha recebido a notícia, há tanto tempo esperada, do fim da sua “comissão” de mais de vinte e oito meses de guerra. Naquela manhã que seria a última no Bachile ofereceu-se (sem ter de o fazer) para chefiar a escolta, segundo as suas palavras, para fazer a despedida.

E fez, de forma dramática e definitiva!

Na emboscada foi atingido em pleno abdómen por uma granada RPG que o destruiu, tendo morte imediata. Nem um único guerreiro daquela escolta sobreviveu nesta emboscada, assim como, todos os trabalhadores civis.

Os guerreiros de Churobrique, um pouco mais atrás, com vários feridos quase não conseguiram reagir a este inesperado ataque. No entanto, de imediato recebem apoio da 2ª. Companhia que estava sedeada no Cacheu e dos Fiats da Força Aérea, o que fez com que os guerrilheiros inimigos retirassem rapidamente. Para trás não deixaram uma única baixa.

Na perseguição, o Grupo de combate da 2ª. Companhia avança pela mata sem qualquer meio de comunicação que pudesse indicar correctamente a sua posição aos Fiats da nossa Força Aérea e quase acaba sendo atingido, pelo fogo amigo. Felizmente os pilotos não efectuaram quaisquer disparos, evitando assim agravar aquela situação que teve momentos de invulgar tensão, raiva e desespero!

Na retirada, os “turras” desapareceram utilizando uma técnica de dispersão em pequenos grupos, sendo difícil saber exactamente para onde se dirigiam, uma vez que se ouviam disparos de zonas completamente diferentes e até opostas.

Ao fim de algum tempo, tudo termina num enorme silêncio de dor e de morte!

Na manhã seguinte quando o guerreiro do sul, integrando a coluna de Teixeira Pinto para Bissau, se preparava para iniciar a viagem, foi-lhe pedido que transportasse na sua Berliet, alguns daqueles mortos, de entre os quais, o nosso infortunado furriel.

E assim se fez mais uma história de guerra, diferente e ao mesmo tempo tão igual a tantas outras que muitos camaradas guerreiros viveram.
Nós estamos cá para as contar mas infelizmente outros não tiveram tanta sorte!

Até outro dia camaradas!

28 setembro 2007

TRADIÇÕES

"É o sobrepor da cultura..."

DISSERA ALGUÉM UM DIA
PENSANDO COM SEUS BOTÕES
QUE A IGNORÂNCIA SERIA
A MÃE DAS TRADIÇÕES!

SEM QUERER AQUI COLOCAR
NUM CESTO TODOS OS OVOS
ATÉ PODEREI ACEITAR
QUE ASSIM PENSEM OS NOVOS!

OS VELHOS POR OUTRO LADO
SENTEM ENORME EMOÇÃO
DO TEMPO ANTIGO, PASSADO
A QUE CHAMAM A TRADIÇÃO!

E ESTA LUTA PERDURA
AO LONGO DAS GERAÇÕES
SOBREPONDO A CULTURA
GERANDO AS TRADIÇÕES !

A TRADIÇÃO QUANDO PURA
NUNCA DEVERÁ ACABAR
ELA É SABER, É CULTURA
É CONHECIMENTO SEM PAR!

12 setembro 2007

HISTORIAS DE GUERRA VI



"O guerreiro do sul no Cumeré ... (Setembro-1973)"

O Cumeré era um aquartelamento que recebia alguns Batalhões acabados de chegar à Guiné, para a partir daí, iniciarem o chamado “treino operacional”.

Naturalmente que o Cumeré ficava próximo de Bissau e teoricamente numa zona de menor risco, para que os “Periquitos” acabados de chegar pudessem adaptar-se, antes de enfrentarem todas as adversidades que esta guerra lhes reservava.

Uma espécie de sala de entrada, duma guerra que até há poucos dias apenas ouvíamos falar, mas que agora estava ali, dois passos á nossa frente.

Fomos alojados em camaratas, tomámos as refeições no refeitório, tínhamos parada, porta de armas, tudo idêntico a qualquer quartel na metrópole.

Se não fosse aquele calor húmido honrivel quase sufocante e aquela paisagem totalmente desconhecida que nos envolvia deixando-nos indolentes e nostálgicos, tudo estaria normal.

Ao segundo dia, de manhã, quebrando aquela monotonia nostálgica, eis que chegam as lavadeiras.

As jovens mulheres, algumas quase crianças que a troco de uns “patacos” nos lavavam a roupa, vieram trazer alguma animação pela forma inesperada como apareceram e a maneira divertida com que nos abordavam.

Com grande á vontade entravam nas camaratas, sentavam-se nas nossas camas e tentavam seduzir-nos com o seu sorriso, pedindo com alguma insistência que lhes entregássemos a roupa para lavar.

Por vezes alguns guerreiros mais atrevidos tentavam obter algo mais mas elas escapavam sempre a essas tentativas, sem mostrar qualquer receio ou ressentimento.

Cumprindo o objectivo para o qual aqui foi colocado, todo o Batalhão inicia os patrulhamentos e a adaptação ás acções desta guerra.

O guerreiro do sul, pelo seu lado começa a desempenhar as suas funções encarregando-se de providenciar a alimentação do pessoal da Companhia.

A partir do momento em que se iniciaram os patrulhamentos o pessoal pernoita no "mato" sendo necessário levar até eles a alimentação e o correio.

Duas tarefas que o guerreiro do sul tinha a seu cargo. A entrega do correio causava sempre grande ansiedade e tensão especialmente nos guerreiros que não recebiam o esperado aerograma.
Ao final da tarde, o guerreiro do sul, em cima do hunimog no qual transportava os panelões com os alimentos, com um grande maço de aerogramas na mão e quase todos os guerreiros reunidos á volta do veiculo ia lendo o destinatário de cada um daqueles aerogramas que ao ouvir o seu nome saltava de alegria e apressava-se a recebe-lo, desaparecendo de imediato para uma leitura recolhida.

Os guerreiros que nada recebiam quase morriam de desgosto e choravam desesperados. E a cena repetia-se todos os dias, cada dia mais dolorosa, sem que ninguém tivesse culpa, era apenas o correio que não chegava.

Assim decorreram os primeiros quinze dias de Guiné, findos os quais o Batalhão preparava-se para partir para o local onde iria actuar nos próximos dois anos.

O Comando, a CCS. e a 1ª. Companhia, ficariam em Teixeira Pinto que era a sede do Batalhão, a 2ª. Companhia foi para o Cacheu e a 3ª. Companhia á qual pertencia o guerreiro do sul, continuaria o seu treino por mais quinze dias, agora no Bachile.

Do Cumeré pouco mais haverá a contar, excepto que foi aqui que o guerreiro do sul sofreu o primeiro incidente de guerra que lhe partiu a cabeça. Coisa pouca se descontarmos a arriscada deslocação nocturna ao hospital militar em Bissau, para verificar da gravidade do ferimento e o regresso ainda mais arriscado a altas horas da noite.

Depois de muitas peripécias conseguimos chegar ao Cumeré ao raiar do dia, cansados, ensonados de tal forma que o condutor da escolta não viu a cancela da porta de armas fechada e levou-a á frente do seu hunimog.

O guerreiro do sul, integrando a 3ª. Companhia de Caçadores "Os Errantes" pertencente ao Batalhão de Caçadores 4615 com a divisa "Probo audaz e prudente" saiu do Cumeré com destino ao Bachile e é a partir de lá que contará mais um episódio de guerra.

Até lá!

05 setembro 2007

RIMAR

"Mesmo sem ser obrigado ..."

MINHA RIMA DESTRAVADA
SAI A TODO O MOMENTO
MESMO SEM DIZER NADA
DIZ O MEU PENSAMENTO!

RIMAR SÓ POR RIMAR
SEM TER OUTRA INTENÇÃO
É FALAR POR FALAR
COMO FAZ O CHARLATÃO!

POR ISSO EU RIMAS NÃO FAÇO
SEM QUE ASSUNTO NÃO TENHA
AINDA ME CHAMAM PALHAÇO
POR POUCA GRAÇA QUE TENHA!

SER PALHAÇO SEM GRAÇA
NÃO É COISA DIVERTIDA
É NÃO SABER O QUE FAÇA
NESTA (DES) GRAÇA DE VIDA!

GOSTAVA AQUI DE PEDIR
A QUEM ESTAS RIMAS LER
QUE ME PUDESSE SUGERIR
UMA RIMA P'RA FAZER!

MANDEM VOSSAS SUGESTÕES
PARA UMA PROSA RIMADA
MAS NÃO MANDEM PALAVRÕES
PARA PODER SER PUBLICADA!

SE ME PUDEREM AJUDAR
FICA AQUI JÁ DECRETADO
CONTINUAREI A RIMAR
MESMO SEM SER OBRIGADO!

18 agosto 2007

RIMA ESQUECIDA

"Eu não me dou por vencido ..."

A MINHA RIMA ESQUECI
LOGO FOI ACONTECER
ASSIM DESSA FORMA PERDI
O QUE TINHA PARA DIZER!

A RIMA NÃO SE DEVE FORÇAR
NEM SEQUER POR TEIMOSIA
SE A RIMA HOJE NÃO RIMAR
LOGO RIMA NOUTRO DIA!

SE A RIMA NÃO QUER RIMAR
NÃO TEM NADA QUE SABER
É SÓ COMEÇAR A PROSAR
O QUE TENHO PARA DIZER!

MAS A PROSA DESAPARECEU
NESTE PRECISO MOMENTO
EU NÃO SEI BEM O QUE ME DEU
VARREU-SE-ME O PENSAMENTO

E MESMO PARA TERMINAR
DESCULPEM-ME A OMISSÃO
GOSTAVA DE CONTINUAR
MAS FALTA-ME INSPIRAÇÃO!

FICA AQUI PROMETIDO
Á LAIA DE DESPEDIDA
EU NÃO ME DOU POR VENCIDO
POR UMA RIMA ESQUECIDA!

04 agosto 2007

IDEIAS

"Tenho ideias até para dar!..."

Ideias, ideias, ideias
Tenho ideias até para dar
Mas para que serve ter ideias
Se de ideias não passar!

Tenho ideias sobre isto
Sobre aquilo e aquele outro
Seja bem ou mal visto
Tenho ideias até para o torto!

Eu tenho ideias tortas
E direitas se calhar
Minhas ideias são portas
Que nunca hei-de fechar!

Também tenho ideias tantas
Como me é habitual
Preciso de ideias quantas
Para ter o meu ideal?

Preciso de ter ideias
Como quem precisa de ar
E só deixo de ter ideias
Quando a "ideia" me faltar!

Ter ideias sem geito
E nem trambelho também
É não ter qualquer preceito
Nas ideias que se tem!

Há as ideias curtas
E curtos das ideias
Há as ideias malucas
E malucos das ideias!

Há ideias das outras
que são só pra invejar
E há ideias marotas
De quem gosta de brincar!

Há ideias que são minhas
E há as ideias dos outros
Há ideias tão curtinhas
Que nunca chegam aos outros!

Há a ideia que se tem
Disto daquilo ou de nada
E até há gente que tem
Uma ideia atrasada!

E mesmo a terminar
Uma ideia me ocorreu
Que tenho de reclamar
Que esta ideia tive eu!

21 julho 2007

HISTORIAS DE GUERRA V


" A bordo do navio NIASSA"

Alguns dias em Évora a tratar de problemas administrativos da sua nova Companhia e eis que o guerreiro do sul regressa por breves instantes a casa, para as despedidas da família porque no dia seguinte embarcava para a Guiné-Bissau e se tudo corresse dentro da normalidade seriam dois anos até poder regressar.

Ostentava nos ombros, as recém recebidas divisas de Furriel Miliciano.

Contendo a custo a emoção despediu-se do seu pai que o tinha acompanhado á estação dos caminhos de ferro, de Faro, com um forte abraço e um aperto de mão. Enquanto entrava apressadamente no comboio que o levaria até Évora ainda escutou de seu pai, um emocionado "Boa Sorte". E bem precisava dela.

A viagem de Évora para o cais de Alcântara em Lisboa fez-se lentamente em coluna militar.

Chegados ao cais, uma prolongada formatura perante muitos familiares que choravam a partida dos seus guerreiros, com muitos abraços, beijos, choros, gritos e até desmaios.

O guerreiro do sul não tendo ninguém no cais para se despedir assim que pode foge ás dolorosas cenas e sobe para bordo do navio refugiando-se no seu interior.

Deitado no beliche que iria ser a sua cama durante alguns dias adormece. Acorda horas depois ao som de um gongo e de alguém anunciando que o jantar iria ser servido.

Enquanto dormia o navio tinha abandonado o cais, saído á barra, entrando no mar alto, ultrapassadas as Canárias dirigia-se para África. Era noite cerrada e ele tinha perdido todo o espectáculo(?) da saída da barra e da passagem ao largo das ilhas Canárias.

Bom agora ali estava o guerreiro do sul a bordo de um grande navio, pronto para primeira refeição a bordo. A sala era confortável e a comida boa. Foram servidos dois pratos principais, um de carne e outro de peixe, tudo acompanhado de um bom vinho. Serviam também uma sopa ou creme. O café e o digestivo eram servidos no bar.
Estava-se bem a bordo do Niassa não acham? Á noite após os cafés e bebidas habituais o bar transformava-se numa sala de Bingo e tínhamos musica ao piano!
Enfim o barco funcionava normalmente como se estivesse num cruzeiro!
Bom mas nem tudo eram rosas porque isto era apenas para os "graduados", a "tropa macaca" comia numa sala no porão e a comida embora boa não tinha todas as mordomias atrás anunciadas. Também não tinham acesso ao Bar.

Á mesa alguns camaradas guerreiros não aguentavam o enjoo saiam a correr da sala lançando "borda fora" tudo o que tinham ingerido. Curiosamente o guerreiro do sul que até enjoava no autocarro de Faro para Tavira, não teve qualquer problema com o mar e saboreou gostosamente todas as refeições a bordo.

Dada a sua boa relação com mar o guerreiro do sul sempre tomou todas as refeições incluindo os excelentes pequenos almoços. A propósito dos pequenos almoços tenho esta pequena história para contar.

Uma manhã estava na mesa dos Sargentos Neves e Baixa que sempre comiam alegremente umas belas sandes de carne assada bebendo umas grandes chávenas.

Assim, quando lhe foi perguntado o que queria comer, o guerreiro do sul ingenuamente pediu o mesmo que os dois sargentos. Resultado, com um sorriso de cumplicidade recebeu duas magníficas sandes de carne e uma bela chávena de um excelente vinho tinto o que desde esse dia, á semelhança dos sargentos passou também a ser o seu pequeno(?) almoço a bordo.
Agora, entendia e concordava com a boa disposição dos sargentos logo pela manhã. Aliás e como Vago mestre aprendeu também que as cafeteiras não se fizeram só para o café, também podem conter outros igualmente belos e apaladados líquidos.

A viagem que durou mais ou menos uma semana foi feita igualmente por dois ou três pássaros que poisados num dos mastros do navio nos acompanharam até fundearmos em frente ao porto de Bissau aguardando a ordem para atracar.

Ainda a bordo fomos autorizados a enviar um telegrama para a família a comunicar que todos havíamos chegado bem, com beijos, abraços e muitas saudades.

Mal desembarcámos fomos levados para o Cumerée que fica a poucos quilómetros de Bissau. Na viagem o guerreiro do sul pasma-se pela inesperada paisagem humana que se lhe depara. Segundo a sua avaliação na época era de extrema pobreza! Sem mais palavras!

A partir daqui iriam começar novos episódios de guerra que um dia contarei.

Até lá.

Bom dia camaradas guerreiros!

14 julho 2007

O MEU PARENTE JOAQUIM

(Ao meu parente Joaquim dos Santos que sempre que me encontra tenta recitar um dos seus versos mas não atina com a rima)

"A rima que lhe faltou..."

O MEU PARENTE JOAQUIM
CHEGOU AO PÉ DE MIM
PARA UM VERSO SEU RECITAR
A COISA ATÉ LEVAVA GEITO
O VERSO SAIU TÃO PERFEITO
QUE SÓ FALTAVA RIMAR

NÃO RIMA MAS É VERDADE
ELE FALA COM SAUDADE
DO TEMPO VELHO, ANTIGO
E SEMPRE LHE QUERO DIZER
QUE GOSTO MUITO DE O TER
COMO PARENTE E AMIGO

QUE NÃO FIQUE ELE CHATEADO
POIS COMO DIZ O VELHO DITADO
QUEM PORFIA MATA CAÇA
E SE NÃO FÔR OUTRA SUA RAZÃO
ESTIMULA A IMAGINAÇÃO
POR MENOS RIMA QUE FAÇA!

E SEM O QUERER OFENDER
NEM QUERER AQUI PARECER
MAIS DO QUE AQUILO QUE SOU
DIGO-LHE PARA CONTINUAR
UM DIA HÁ-DE ENCONTRAR
A RIMA QUE LHE FALTOU!

07 julho 2007

CIDADE DE FARO

"Faro tens encantos tais..."

FARO, ÉS A CAPITAL
AO SUL DE PORTUGAL
QUE ENCANTA QUALQUER UM
ÉS DO TEMPO DOS MOUROS
QUE FORAM TEUS FUNDADORES
E TE CHAMARAM HARUN

OH MINHA CIDADE DE FARO
TU ÉS ALGO DE MUITO RARO
QUE TRAGO NO CORAÇÃO
AQUI NASCI E VIVI
SEMPRE PERTINHO DE TI
TU ÉS A MINHA PAIXÃO!

FARO TENS ENCANTOS TAIS
COMO O JARDIM DOS PARDAIS
NESTE BELO ENTARDECER!
TENS RIA, PRAIA E MAR
TENS MUITA COISA A MOSTRAR
A QUEM TE QUIZER CONHECER!

21 junho 2007

ABORTO II

"Prefiro ser antiquado"
Pronto aí está o Decreto-Lei publicado, legalizando a morte assistida e paga pelo serviço publico de saúde, isto é, por todos nós.
O aborto é a noticia de caixa de hoje, em todos os noticiários.
No próximo dia quinze todos os hospitais com maternidade terão de estar em condições de cumprir esta lei.
Mas parece que nem tudo está a correr bem, segundo as mesmas noticias 80% dos médicos apresentaram objecção de consciência. Porque será???
Hoje um conhecido meu comentando estas noticias afirmava:
-Desde que a minha sobrinha nasceu que sou contra o aborto.
E esclareceu:
-Quando a minha irmã apareceu em casa, grávida e com problemas de relacionamento com o namorado, a intenção era abortar. Mas a minha mãe não deixou e uma menina nasceu, sendo de imediato entregue aos cuidados da avó que a criou.
Hoje é uma bonita rapariga com 18 anos de idade que estuda e dá muitas alegrias á família. Todos gostamos muito dela. Nem quero imaginar o que seria se ela não existisse.
Este é apenas um exemplo certamente que muitos mais existirão.
E se a minha mãe por não ter condições para me criar tivesse decidido não me deixar nascer? É uma loucura não é?
Logo após o referendo ouvi alguém afirmar que passámos a ser um país moderno. Se é por esta lei que somos modernos, obrigado mas prefiro ser antiquado.

17 junho 2007

HISTORIAS DE GUERRA IV


"Cabeça de Sargento meu Comandante..."

Alguns dias depois de sair da Póvoa, recebi guia de marcha para a Amadora, onde me apresentei para iniciar as minhas novas funções de “Vagomestre”.
Cheguei à Amadora no mesmo dia em que outros camaradas guerreiros como eu se apresentavam também para iniciar as suas novas funções. Todos acabados de passar a prontos, isto é: -cheios de inexperiência e ingenuidade!
Á chegada fomos mandados seguir para a enfermaria, onde segundo nos disseram, seriam feitos uns exames médicos???
Na enfermaria éramos recebidos, por um ”bata branca” que ostentava no peito uma placa dizendo “médico” que nos fazia um pequeno inquérito e nos mandava um a um, passar para outra sala, onde outros dois também de bata branca, com placas dizendo enfermeiro nos mandavam deitar na maca e desapertar as calças, depois aproximavam-se com uma enorme seringa e diziam-nos em voz baixa:
- Eh pá, o médico manda dar esta injecção, mas esta merd., dói que se farta e não serve para nada. Se nos deres “cem paus”, nós fingimos dar a injecção, mas não a damos.
Era a chamada “canção do bandido!!!”
Fugindo à assustadora picadela, lá fomos entrando com os cem pauzitos. Mas, um guerreiro açoriano que certamente não estava preparado financeiramente para tal contribuição ou por outro motivo qualquer, negou a contribuiçãozita.
Resultado, apanhou a terrível picadela o que lhe causou um enorme hematoma na anca.
No final do dia, descobrimos que tínhamos sido vitimas do "conto do vigário".
Os camaradas guerreiros mais velhos daquela guerra que se fizeram passar por médico e enfermeiros eram-no tanto como nós. No Bar gastavam alegremente o dinheiro que ingenuamente lhe havíamos dado!
Quanto á injecção não passava de água destilada causando por isso o tal inchaço no rabo do guerreiro açoriano.
Na Amadora onde estive durante seis meses, tinha diariamente um ritual a cumprir.
Antes das refeições do meio-dia serem servidas, tinham de ser préviamente apresentadas para aprovação, ao Oficial de dia e ao Comandante.
Assim, um guerreiro ajudante de cozinha colocava numa bandeja os pratos, tal como iriam ser servidos depois seguíamos os dois até á presença dos dois oficiais.
Normalmente um guerreiro ajudante da “Messe de Sargentos” aproveitava a boleia e eu embora sem responsabilidade naquela “messe” fazia a apresentação dos dois pratos.
Um dia, o Comandante depois de elogiar o prato do “Rancho Geral” voltou-se para o da “Messe” e perguntou ao guerreiro que o transportava:
-Então o que é que temos aqui?
-Cabeça de Sargento, meu comandante! Responde o guerreiro.
-O quê? Pergunta o Comandante sem perceber.
-Cabeça de Sargento, meu comandante! Repete o guerreiro.
Eu, apercebendo-me da situação, emendo rapidamente:
-Cabeça de porco com feijão, meu Comandante!
-Muito bom, muito bom, pode seguir, diz o Comandante a sorrir.
Na verdade naquele tempo, a maior parte dos guerreiros que trabalhavam nas cozinhas militares, chamavam "carinhosamente" cabeça de sargento á cabeça de porco, ou seja, ao chispe. Daí o convencimento do moço ao responder ao Comandante que levava na bandeja "cabeça de sargento".
Desta guerra na Amadora muito mais teria que contar, para além de ter sido o melhor tempo, dos dois anos que passei na guerra.
Mas tudo o que é bom acaba depressa e ao fim de seis meses, aí estava eu mobilizado para o ultramar, a caminho do R.I.16, em Évora, para formar o Batalhão de Caçadores 4615, integrado na 3ª. Companhia (Os Errantes) que iriam prestar serviço na Guiné-Bissau, mais propriamente em Bassarel, Teixeira Pinto (1973/74).
Mas isso já são histórias doutra guerra ou guerras de outra história que um dia contarei.
Até lá.

07 junho 2007

RAPIDINHA

"Rima tão (in)vulgar..."

PERGUNTARAM-ME HÁ BOCADO
SE O BLOG ESTAVA PARADO
PORQUE NADA DE NOVO TINHA
E EU PUS-ME A PENSAR
DEVIA ESCREVER SE CALHAR
NEM QUE FOSSE UMA RAPIDINHA

NESTE MEU PENSAMENTO
QUASE NO MESMO MOMENTO
COMO O VELHO DITADO DIZ
EU NEM SEQUER HESITEI
PORQUE SE BEM O PENSEI
AINDA MELHOR EU O FIZ

AQUI ESTÁ O RESULTADO
DE MOMENTO TÃO OUSADO
E DE SUBLIME CULTURA
ESTA RIMA TÃO (IN) VULGAR
AGORA EU VOU TERMINAR
ANTES QUE PASSE A "LOUCURA"

PARA NÃO ACABAR ASSIM
GOSTAVA DE PEDIR NO FIM
PERDOEM A BRINCADEIRA
NÃO VÁ AÍ ALGUEM PENSAR
QUE EU ESTOU A DECLARAR
O TRIUNFO DA "ASNEIRA"

17 maio 2007

PAR CERTO

(Esta semana, na RTP 1, um certo convidado do Telejornal, dizia que dava gosto falar com pessoas inteligentes!? ... blá, blá e mais blá, blá... e ainda mais blá, blá! Daí a razão destas desalinhadas rimas)

QUE FAZEM FESTAS E FOLIAS
OS QUE VÊM CÁ DE FÉRIAS
SÃO ESTRANGEIROS NAS ORGIAS
FAZENDO COISAS MENOS SÉRIAS!

DIZ O POVO COM TODA A RAZÃO
QUEM FALA ASSIM NÃO SERÁ GAGO
O HOMEM FAZ ESTA DECLARAÇÃO
E AINDA POR CIMA É PAGO!

EM ASSUNTO TÃO DELICADO
DEIXO A MINHA SUGESTÃO
O MELHOR É PASSAR AO LADO
DE QUEM TEM TAL OPINIÃO!

QUANDO ESTÃO A CONVERSAR
UM PARVO E UM "ESPERTO"
NÃO HÁ NADA QUE DUVIDAR
ELES FAZEM O PAR CERTO

SE O PARVO ESTÁ A FALAR
É QUASE CERTO E SABIDO
O "ESPERTO" ESTÁ A ESCUTAR
COM UM AR MUITO DIVERTIDO!

MAS TAMBÉM POR OUTRO LADO
SE É O "ESPERTO" QUE FALA
O PARVO FICA EMBASBACADO
ATÉ QUASE QUE PERDE A FALA!

DE ACORDO COM O DITADO
NESTA COISA DAS PARELHAS
QUANDO UM BURRO ESTÁ CALADO
O OUTRO LEVANTA AS ORELHAS!

16 abril 2007

BENFICA

"Sou Benfiquista do coração!"

AI O BENFICA QUE NÃO GANHOU
O JOGO QUE TINHA QUE GANHAR
O SONHO DE CAMPEÃO ACABOU
COM OS BENFIQUISTAS A CHORAR

ASSIM TERMINA A ILUSÃO
SONHO DE MUITOS BENFIQUISTAS
DE PORTUGAL SER O CAMPEÃO
GLORIA DE MUITAS CONQUISTAS!

A VIDA NÃO ACABA OH BENFICA
POR ISSO CONTINUA A LUTAR
O SONHO RENOVADO AQUI FICA
DE PRO ANO SERES TU A GANHAR!

SOU BENFICA DO CORAÇÃO
NÃO HÁ NADA QUE FAÇA MUDAR
MESMO COM ESTA DESILUSÃO
MAIS UM ANO SEM NADA GANHAR

SER BENFIQUISTA É UMA PAIXÃO
QUE NUNCA SERÁ ESQUECIDA!
É FORÇA, GOSTAR, EMOÇÃO
QUE TENHO PARA TODA A VIDA!

07 abril 2007

HISTÓRIAS DE GUERRA II


"O Gerreiro do Sul na Povoa de Varzim”
Após o “Juramento de Bandeira” em Tavira, tive apenas alguns dias para passar o Natal com a família e, no princípio de Janeiro de 1973, apresentei-me na Povoa de Varzim, para mais um episódio de guerra.
Cheguei era noite cerrada. Logo que saio do comboio fui assediado por várias mulheres que disputavam entre si, a minha hospedagem em suas casas.
A princípio não percebia bem o que pretendiam (os moços do sul são de compreensão lenta ou então andam distraídos com as belezas das praias do sul), mas aos poucos lá fui entendendo que no quartel não havia alojamento, por isso eu teria de me alojar na casa de uma delas.
Sendo assim, escolhi a que me pareceu mais simpática que me alojou num quarto da sua própria casa, muito limpo e arrumado.
A grande distância que me encontrava de casa e o preço das viagens de ida e volta, fez com que durante os dois meses e meio que estive na Povoa, apenas duas ou três vezes fosse gozar o fim-de-semana a Faro.
Certa noite, num dos muitos fins-de-semana que lá passei, bateu-me à porta do quarto, a filha da minha hospedeira, com um secador que não funcionava, para ver se eu o conseguia pôr a funcionar.
A moça seria mais ou menos da minha idade, isto é, vinte e uma bonitas primaveras (que bela idade, não acham?).
Como eu me sentei na cama, ela sentou-se a meu lado. Não sei se propositadamente ou não, encostou-se demasiado a mim, provocando-me um enorme calor que percorreu todo o corpo.
A avaria não passava de um simples fio desligado na ficha mas aquele calor, perturbou-me e fiquei ali a olhar… a olhar… a olhar… para ficha! Claro!
Mas um guerreiro é um guerreiro ainda para mais habituado aos calores do sul e num momento destes qualquer um de vocês faria o mesmo “???”.
Por isso rapidamente controlei a situação, recuperei a calma, devolvi o secador à moça que agradeceu e saiu do quarto. (Que descrição espectacular da acção! Não acham?)
Bom e se querem saber, desde esse episódio até final da minha permanência em sua casa, nunca mais vi a moça. Extraordinário! Porque seria?
Entretanto, na guerra tudo bem, lá fui aprendendo a fazer as ementas, os cálculos e passaram dois meses e meio.
E veio a “semana de campo”. Todos os guerreiros, carregados com os seus apetrechos de guerra, marcharam uns quinze ou vinte quilómetros por estrada quase sempre em alcatrão até à mata que ficava junto a uma praia, onde acampámos.
Com os pés doridos, escaldando, mal avistámos a praia descalçámos as botas, correndo para a água, tentando refrescar os pés, mas eu, guerreiro do sul, com a mesma corrida que entrei, saí!
Eh pá, a água está gelada! Exclamei.
Os guerreiros do norte limitaram-se a sorrir e a continuar na água.
No final do acampamento, regressámos pelo mesmo percurso, tivemos o jantar de despedida, terminou a “especialidade” e passei a “pronto”.
Pelo meio ainda tive tempo de ir ás Antas numa tarde de enorme temporal ver o meu "Farense" apanhar cinco. Também de vez em quando, pela manhã, antes de entrar no quartel, passava pela tasca do Tio João, para comer umas iscas e beber um "quartilho" de vinho tinto verde, aliás o que fazia também muito boa gente, incluindo algumas mulheres de faces bem rosadas e que diariamente não dispensavam o seu “quartilho de tinto verde” (são tramadas as mulheres do norte, não são?).
Foi assim com honra mas sem glória a passagem deste guerreiro do sul, pela Povoa.
Alguns dias mais tarde, iria começar na Amadora, um novo episódio de guerra.
“Vagomestre”.
Ou melhor descrito: -Sargento de alimentação.
O episódio da Amadora contarei numa próxima oportunidade.
Até lá, se não for antes.

06 abril 2007

HISTÓRIAS DE GUERRA I



“Não lavou, mas pensou. Caguei!!!”


Uma história nunca começa pelo meio ou antes não deveria começar. No meu caso, as histórias de guerra começaram de acordo com a recordação que no momento me veio à memória.

Vou agora tentar ordenar a cronologia dos acontecimentos.
A história que hoje conto foi cronologicamente vivida primeiro do que a da “Bajuda”.

Como diria um amigo meu, partindo do principio (sim porque partir do meio ou do fim, é batota), digo-vos que entrei p’rá guerra aí por volta das quatro da tarde de uma Segunda ou Terça-feira no início de Outubro de mil, novecentos e setenta e dois.

Cheguei de comboio á estação de Tavira, dirigi-me para o quartel, onde a guerra já me esperava. Identificaram-me a mim e mais um grande número de futuros guerreiros entregando-nos os primeiros pertences de guerra, isto é, a farda e os talheres com um púcaro inox.
Digo-vos que fomos muito bem recebidos pelos nossos camaradas guerreiros já mais adiantados na guerra, de tal forma que nos alojaram em camaratas, ficando cada qual com a sua cama e armário.
Digo isto porque na guerra somos” todos por um e um por todos”, mas neste caso não, era cada um com a sua.
Extraordinário!
Á noite, pela madrugada, para nos incentivarem colocavam musica com mensagens muito sugestivas, informando-nos que se tivéssemos a sorte de morrer na guerra, seríamos condecorados a título póstumo.

Para que soubéssemos como seria a cerimónia, até a simulavam, mencionando os nossos nomes “fulano tal, condecorado a título póstumo, por morte em combate em Angola, ou na Guiné ou em…”, sendo incansavelmente repetida durante toda a noite, através da instalação sonora da caserna.
Os nossos camaradas eram tão atenciosos que à tarde, para que não tivéssemos de tomar banho e depois vir a constipar-nos, fechavam a água das casas de banho.
O problema é que ás vezes (sempre) chegavamos enlameados, com a barba por fazer. Mas com um pouco de imaginação enchíamos umas garrafinhas de água que guardávamos nos armários para poder fazer a barba e tomar um pequeno banho.
A seguir, na formatura, éramos inspeccionados minuciosamente só para se certificarem que a nossa imaginação funcionava. Caso não funcionasse teriamos o fim de semana à "benfica" isto é, escrito a encarnado.
Bom, tanta conversa e ainda nem sequer comecei a contar a história que hoje queria contar.
Então aqui vai.
Um dia quando saía do refeitório após o almoço, dirigi-me para uma bica que ficava mesmo em frente à saída, como aliás todos fazíamos a fim de lavar o púcaro e os talheres porque caso contrário arriscávamo-nos a chegar á caserna e não ter água para os lavar.
Muita gente à volta da bica quase todos quietos e calados, mas na minha santa ingenuidade nem percebi o que se estava a passar, lá fui empurrando os que se encontravam à minha frente até chegar à bica. Mal cheguei, estendi a mão com os talheres, mas de repente apercebi-me que exactamente no lado oposto estava o “oficial de dia” de papel e caneta em punho. Assim, olhei para ele e perguntei sem me atrever a mexer na água: “Posso?” e a resposta veio rápida, em forma de pergunta: “O número?” percebi então o que fazia ali o tenente com a caneta em punho e protestei: “Mas eu não lavei!” E a rápida resposta pergunta: -“Não lavou mas pensou. Caguei! O número?”
Lá tive de dar o número ganhando o meu primeiro fim-de-semana à “Benfica”! Isto é, passei-o fechado no quartel.
E sabem qual foi a música que mais escutei durante este fim-de-semana, especialmente no domingo? Foi esta: “Mamã, estou tão longe de ti! Não chores que o tempo passa depressa…”
E não é que passou mesmo!

Dois meses depois já eu ia a caminho do meu próximo destino Póvoa de Varzim e da minha próxima história de guerra.
Até lá. Até à Póvoa.
Ah, já me esquecia, foi bom jurar bandeira, aprender a ter respeito por aquele rectângulo bicolor que é o símbolo da nossa pátria.
Hoje, custa-me vê-la, esquecida, já em farrapos, pendurada por toda a parte, num desprezo total pelo seu significado e simbolismo.

Será que as pessoas que a mantêm nessas condições, sabem quantos morreram só para a defender?!
Bom, isto são guerras de outra história ou histórias de outra guerra.

Talvez um dia eu lhes conte a do "hastear da bandeira" que me ia lixando as férias na metrópole.

Conto quase de certeza que um dia contarei.

01 abril 2007

HISTORIAS DE GUERRA



“Bajuda para Furriel”

Recordo com alguma saudade a minha passagem por África.
Fui para África, mais propriamente para a Guiné-Bissau, no cumprimento do serviço militar, naquele tempo obrigatório.
A situação de guerra normalmente não deixa boas recordações mas no meio de tantos episódios vividos, uns bons outros menos bons, alguns teimam em não desaparecer da memória. De entre eles, recordo um que pelo inesperado da situação me deixou na altura um pouco atrapalhado.
Tomava o meu duche da tarde, nos chuveiros improvisados pela “tropa” e que consistiam nuns bidões de lata colocados aí a uns dois metros de altura, aos quais foram adaptados os chuveiros.
A vedação dos duches improvisados com pouco mais de um metro de altura era feita de ripas de troncos de palmeira, isto é, quando alguém tomava duche, via e era visto por toda a gente que se encontrasse nas imediações.
Tal como dizia, tomava o meu duche quando me apercebi que mesmo encostado à vedação no outro extremo do duche se encontrava um “Cipaio” (um policia civil do mato) acompanhado de uma moça ainda muito jovem quase criança e ambos pareciam esperar que terminasse o meu duche.
Fiquei com um pouco de pudor mas não querendo dar parte de fraco continuei o duche. Entretanto ia pensando o que quereria desta vez o Cipaio e o que faria ali a moça.
Este Cipaio pertencia a um grupo de amigos civis que a meio do mês me iam pedir dinheiro emprestado. Também por vezes vinha o pedido de açúcar, arroz ou simplesmente uma cervejinha.
Ainda não disse, mas eu era Vagomestre, tinha a meu cargo a gestão da alimentação de toda a “companhia”, portanto era-me relativamente fácil arranjar algum arroz e açúcar para dar aqueles amigos que me ajudavam junto da população civil a adquirir alguns alimentos para o "rancho".
Verdade seja dita que em relação aos empréstimos de dinheiro sempre me foram infalivelmente pagos no final de cada mês, repetindo-se o empréstimo a meio do mês seguinte.
Mas voltando ao Cipaio e à moça, terminado o duche limpei-me à pressa, vesti os calções e lá fui direito ao homem perguntar o que queria.
“Trago Bajuda para o furriel” foi a surpreendente resposta.
Trazes o quê pá?! Perguntei atrapalhado.
“Bajuda” para o furriel, repetiu convincente o Cipaio. (“Bajuda” queria dizer no seu dialecto “virgem” ou ” moça virgem”).
Eh pá mas eu não te pedi Bajuda! Exclamei eu, surpreendido com a resposta.
Pois não, mas furriel boa pessoa e eu resolvi trazer Bajuda, falei com pai dela e ele ofereceu-a para furriel.
Naquele momento vários pensamentos me passaram pela cabeça. Se por um lado me era impossível aceitar a moça, por outro, como recusar tão amável oferta, sem que os ofertantes ficassem ofendidos.
Lá fui dizendo que tinha esposa e filhos em Portugal, por isso não podia ter outra mulher.
Mas isso para ele não fazia qualquer diferença uma vez que ele próprio tinha quatro esposas.
De repente lembrei-me que dias antes quando me veio pedir dinheiro lhe ter dito a brincar como é que o dinheiro lhe havia de chegar se sustentava quatro mulheres tendo -me ele na altura respondido que tinha as quatro esposas porque “Deus” queria.
Então disse-lhe: -Agradeço muito a oferta a ti e ao pai dela, ela é muito bonita, gostava de ficar com ela, mas o meu Deus que é diferente do Teu, não permite que eu tenha mais que uma esposa por isso não posso ficar com ela.
Vendo que ele concordava, acrescentei: -Agora gostava de oferecer a ti e a ela qualquer coisa, diz lá o querem?
Ele respondeu que ela não queria nada mas que ele aceitava uma cerveja.
E lá foi tomar a sua cervejinha.
Com a ajuda de Deus e da “cervejinha” devolvi à procedência aquele tão belo quanto inesperado presente!
Termina aqui esta história de guerra.
Talvez um dia lhes conto a história do meu amigo “Pimenta” que além de bom cozinheiro era gago e andava sempre com um “grãozinho na asa”.
Um dia quase deixa destruir toda a cozinha porque engasgou quando pretendia gritar ao condutor da “Berliet” que parasse. Entretanto a Berliet de marcha-atrás ia passando a ferro todas as panelas e fogões que compunham a nossa cozinha, sem que o seu condutor percebesse o que se passava.
O Pimenta lá desengasgou e conseguiu dizer: -Venha … venha… venha… ver o que fez!!!
E o condutor veio e viu tudo esborrachado debaixo da Berliet. Para não falar no almoço que estava perdido no chão. E ficou furioso com o Pimenta. Mas o Pimenta engasgou novamente e ninguém percebia o que dizia.
Histórias de guerra, de vinho e de gaguez.
Histórias de vida!
Um dia ainda lhes conto aquela … do Nunes. Ah, o Nunes … Bom esta fica para a próxima.
Também fica para a próxima a do periquito. Ah, a propósito sabem como eram alcunhados os jovens militares que chegavam à Guiné? Periquitos!

E sabem porquê? Porque todos os periquitos da Guiné são verdes, tal como os militares que acabavam de chegar.
Um abraço. Em especial para todos os ex-combatentes!
Já depois de ter escrito esta história encontrei por acaso uma página que considero bastante completa, sobre a Guiné-Bissau, por isso deixo aqui o endereço aos possiveis interessados http://leoesnegros.com.sapo.pt/index.html

19 março 2007

BODAS DE ALGODÃO


"Fidelidade e amor..."

A CIDALIA E O JOSÉ MARIA
QUE SÃO MEUS AFILHADOS
COMEMORARAM NESTE DIA
VINTE CINCO ANOS DE CASADOS!

COM A IGREJA REPLETA
MUITA GENTE A ASSISTIR
A FESTA ESTEVE COMPLETA
COM O PADRE A PRESIDIR

DE PÉ JUNTO AO ALTAR
PERANTE NOSSO SENHOR
ELES VOLTARAM A JURAR
FIDELIDADE E AMOR!

AS ALIANÇAS TROCARAM
PARA MARCAR O MOMENTO
E DESTA FORMA SELARAM
DE NOVO SEU CASAMENTO

OS PARABENS LHES FORAM DAR
POR ESTA COMEMORAÇÃO
VOTOS QUE POSSAM CELEBRAR
MUITOS ANOS DE UNIÃO!

26 fevereiro 2007

O PENSAMENTO

"Tenho pensamento falido !"

QUANDO ME PONHO A PENSAR
SINTO A IMAGINAÇÃO VOAR
DE UMA FORMA REPENTINA
E DIGO CÁ PARA MIM
A PENSAR DESTA FORMA ASSIM
MINHA IDEIA DESATINA!

PENSO NISTO, PENSO NAQUILO
AGITADO OU TRANQUILO
DE ACORDO COM O MOMENTO
E DEPOIS DE MUITO PENSAR
CHEGO ÁS VEZES A DUVIDAR
QUE TIVESSE UM PENSAMENTO!

AGORA, AGORA MESMO
MEU PENSAMENTO SAI A ESMO
SEM FAZER QUALQUER SENTIDO
E EU FICO ADMIRADO
ATÉ MUITO PREOCUPADO
TENHO PENSAMENTO FALIDO!

11 fevereiro 2007

O CARNAVAL


"Esta Festa é divertida!"

JÁ CHEGOU O CARNAVAL
E NINGUÉM LEVA A MAL
SEJA QUAL FOR A ASNEIRA
TRES DIAS DE FOLIA
SEMPRE COM ALEGRIA
NUMA GRANDE BRINCADEIRA

QUEM ÉS TU MASCARINHA
COM ESSA FIGURINHA
QUE ME DEIXAS A PENSAR
SERÁS ESTA OU AQUELA
ÉS FEIA OU MUITO BELA
OU SERÁS HOMEM SE CALHAR!?

TRAJE, MASCARA, DISFARCE
PINTAS TAMBÉM TUA FACE
PARA O ROSTO ENCOBRIR
PODERÁS ASSIM BRINCAR
TALVEZ ATÉ ABUSAR
SEM NINGUÉM TE DESCOBRIR

FOLIÕES E TRAPALHADAS
SÃO PALAVRAS MAIS USADAS
NESTE NOSSO CARNAVAL
E NOS "CORSOS" HABITUAIS
BRINCA-SE AOS CARNAVAIS
POR TODO O PORTUGAL!

PASSAM CARROS ALEGORICOS
E GRUPOS MUITO FOLCLORICOS
DESFILANDO NA AVENIDA
E O POVO FICA OLHANDO
PARECE QUE ESTÁ GOSTANDO
ESTA FESTA É DIVERTIDA!

A MULATA QUASE NUA
DESFILANDO PELA RUA
COM O SAMBA NO PÉ
ENQUANTO VAI DESFILANDO
A MALTA FICA SONHANDO
QUE "BOA" QUE A MULATA É!

28 janeiro 2007

ABORTO

Só porque narcer não convém!

(Há oito anos atrás votei "sim" e até há bem pouco tempo continuava convicto no sim que então havia dado.
Na verdade votei sim porque não queria as indefesas mulheres castigadas em tribunal. Vejo agora que apenas estava a considerar uma das partes, esquecendo completamente o pequeno "Ser" que sem qualquer responsabilidade do sucedido á sua mãe, condenava á morte.
Há pouco tempo ao ouvir o Dr. Gentil Martins, aquele que separou os gémeos siameses Moçambicanos afirmar que a partir do momento em que o espermatezoide se junta ao ovulo, nasce um "Ser" único e tem inicio uma nova "vida", mudei completamente de opinião.
Vários anos estive ligado ao desporto, primeiro como praticante depois como dirigente. No desporto existe uma regra que diz que não se pode a pretexto de uma falta sofrida cometer outra falta.
Traduzindo para uma situação concreta, por exemplo no futebol se um jogador levar um pontapé não poderá a seguir dar outro pontapé, como compensação, se o fizer terá igualmente sanção disciplinar.
Quero dizer com este exemplo que nenhuma mulher, seja a que pretexto fôr, deverá responder a uma gravidez indesejada, com uma "agressão" ao pequeno "Ser" que tem dentro de si.
Para aqueles que eventualmente lerem estas linhas, deixo aqui algumas palavras mais ou menos rimadas e uma sugestão Se tiver interesse poderá aceder a este link

SIM OU NÃO, É A QUESTÃO
QUE NOS QUEREM COLOCAR
VIVER SIGNIFICA “NÃO”
“SIM” SIGNIFICA MATAR!

Á INTRANSIGÊNCIA DO "SIM"
DIGO "NÃO" COM TODO O QUERER
O "NÃO" SIGNIFICA PARA MIM
O DIREITO DE NASCER!

O ABORTO DEIXA-ME ABSORTO
SEM SABER BEM O QUE PENSAR
UM ABORTO É UM NADO MORTO
OU QUE ALGUÉM QUER MATAR!

TIRAR A VIDA A ALGUÉM
SÓ PORQUE NASCER NÃO CONVÉM
POR ESTA OU AQUELA RAZÃO
PARA QUEM ASSIM DECIDIR
SE UM "SER" AO MUNDO PODE VIR
É UM CRIME VIL SEM PERDÃO!

UM "SER" DEVERÁ SEMPRE TER
O DIREITO DE NASCER
DESDE QUE SEJA GERADO
NÃO PODEMOS ACEITAR
QUE ALGUÉM O QUEIRA MATAR
SÓ POR NÃO SER DESEJADO!

A VIDA DEVE SER AMADA
E IGUALMENTE RESPEITADA
PARA AQUELES QUE VÃO NASCER
NÃO PODEMOS ASSIM CONDENAR
QUEM Á VIDA ESTÁ A CHEGAR
A NUM TRISTE ABORTO MORRER!

21 janeiro 2007

O MUNDO DAS PROFISSÕES

“A todos eu dou razão”


DIZ O ALFAIATE AO SAPATEIRO
QUE QUER ELE SER O PRIMEIRO
POIS FAZ A ROUPA PARA VESTIR
POR SEU LADO ALEGA O OUTRO
QUE SE A COISA DER PARA O TORTO
FAZ ELE OS SAPATOS PARA FUGIR

A SEGUIR DIZ O BARBEIRO
QUE QUER ELE SER O PRIMEIRO
TAMBÉM TEM SUA IMPORTÂNCIA
CORTA-NOS A BARBA E O CABELO
ENFIM TRATA-NOS DO PELO
PARA MATERMOS A ELEGÂNCIA

COMEMOS COM O COZINHEIRO
MAS O PÃO TRAZ O PADEIRO
NUMA GRANDE COLABORAÇÃO
POR SEU LADO O VINHATEIRO
QUER TAMBÉM SER O PRIMEIRO
POIS AQUECE-NOS O CORAÇÃO

A SEGUIR VEM O DOUTOR
QUE TRATA ESTA E AQUELA DOR
COM UMA RECEITA A PRECEITO
E COMO TRATA DE NÓS
LEVANTA ASSIM A SUA VOZ
E QUER EM PRIMEIRO SER ELEITO

DIZ O CHOUFER MOTORISTA
QUE TAMBÉM ELE É UM ARTISTA
POIS A CONDUZIR É UM ÁS
E TEMOS DE CONCORDAR
QUANDO ELE ESTÁ A TRABALHAR
TODOS LHE ANDAM ATRÁS

DIZ TAMBÉM O TRISTE SOLDADO
QUE É COMO UM PAU MANDADO
NA PROFISSÃO QUE NÃO QUIS TER
É COM GRANDE CONSTERNAÇÃO
QUE CUMPRE UMA OBRIGAÇÃO
NA GUERRA QUE O MANDAM FAZER

DIZ O POLICIA AO BOMBEIRO
QUE QUER ELE SER O PRIMEIRO
POIS TRATA-NOS DA SEGURANÇA
MAS O BOMBEIRO POR SEU LADO
DIZ JÁ ESTAR HABITUADO
NÃO TER ELE A LIDERANÇA

DIZ O EMPRESÁRIO AO COMERCIANTE
QUE ELE É O MAIS IMPORTANTE
E QUE QUER TER A PRIMAZIA
AO COMERCIANTE TANTO FAZ
SE VAI Á FRENTE OU ATRÁS
DESDE QUE NÃO PERCA A FREGUEZIA

VOU ACABAR ESTA LUTA
TODA A GENTE LABUTA
COM MUITA FORÇA E ARDOR
NA MINHA FRACA OPINIÃO
A TODOS EU DOU RAZÃO
E TAMBÉM COM IGUAL VALOR

19 janeiro 2007

INSTANTANEOS II

"Improvisos que dediquei no inicio deste ano a alguns dos meus amigos e ás Charolas"

(Ao amigo António Rosa dos Machados que no final da actuação da sua Charola agradeceu à Direcção e ás pessoas que estavam sentadas).

ROSA QUE ÉS DOS MACHADOS
AFINAL COMO É QUE É?
AGRADECES AOS SENTADOS
ESQUECES OS QUE ESTÃO DE PÉ?!

(Ao Vitor da Charola de Quelfes que anuciou que ia sair com a marcha de saída)

SAIR COM A MARCHA DE SAIDA
É COISA JÁ ESPERADA
O DIFICIL SERIA FAZER A SAIDA
COM UMA MARCHA DE ENTRADA!

(Ao apresentador da Charola de Marim que anunciou que iam tocar quatro numeros)

MARIM VEIO ANUNCIAR
QUE APENAS IAM TOCAR
QUATRO NUMEROS E MAIS NENHUM
MAS NUMA SIMPLES ADICÇÃO
CHEGOU-SE Á CONCLUSÃO
QUE AFINAL TOCARAM MAIS UM!

(A senhora que à porta do Teatro Municipal de Faro protestava que as Charolas deveriam tocar na rua)

OUVI ALGUÉM A RECLAMAR
QUE AS CHAROLAS DEVIAM ACTUAR
AO AR LIVRE NA RUA
MAS NA MINHA OPINIÃO
A CHAROLA POR TRADIÇÃO
EM QUALQUER LUGAR ACTUA

(Ao amigo Toni que à porta do Teatro Municipal reclamava a falta de lugares)

O AMIGO TONI RECLAMAVA
ESTAVA ALI MAS NÃO ENTRAVA
PORQUE NÃO TINHA LUGAR
E EU DISSE MEIO A SORRIR
O AMIGO DEVERIA VIR
UM POUCO MAIS CEDO, SE CALHAR?!

(Ao grande espectaculo que foi a apresEntação das Charolas no Teatro Municpal de Faro)

MICROFONES, LUZES, ACÇÃO
NUMA GRANDE ENCENAÇÃO
SÓ LHES FALTA O PÓ DE TALCO
MAS NUMA TRADICÇÃO VERDADEIRA
ELES CANTAM Á SUA MANEIRA
NÃO SÃO ARTISTAS DE PALCO

(Ao senhor Presidente da Camara que entregou uma lembrança á Charola da Casa do Povo de Conceição de Faro, pelos 25 anos de actividade)

SENHOR PRESIDENTE OBRIGADO
POR ESTAR AO NOSSO LADO
NESTA DATA QUE FESTEJAMOS
TODOS TEMOS MUITO PRAZER
DE ESTE PRÉMIO RECEBER
P'LOS NOSSOS VINTE CINCO ANOS

(À Direcção e Funcionários do Teatro Municipal de Faro)

AO TEATRO MUNICIPAL
DE FARO QUE É CAPITAL
FICA A NOSSA GRATIDÃO
FUNCIONÁRIOS DILIGENTES
SIMPÁTICOS E COMPETENTES
CUMPRIRAM SUA MISSÃO!

(Às Charolas de Bordeira que se apresentaram em força no Teatro Municipal de Faro)

AS CHAROLAS DE BORDEIRA
CANTAM Á SUA MANEIRA
SEMPRE COM GRANDE ENCANTO
E FAZEM MUITA QUESTÃO
DE MATER A TRADICÇÃO
MAS SEM NOMEAR O SANTO

(A todas as Charolas que cantaram ao Menino)

GOSTO DE OUVIR AS CHAROLAS
COM PANDEIROS E CASTANHOLAS
ACORDEONS E FERRINHOS
PARA MANTER A TRADICÇÃO
ELES CANTAM COM EMOÇÃO
UNS VERSOS MUITO VELHINHOS