28 novembro 2011

O HOMEM

"... esse pequeno grande ser !!!"


O homem, esse grande e pequeno ser
Amarelo, branco ou preto, tão diverso
Grande, em conhecimento e saber
Pequeno, na grandiosidade do universo!

Cheio de males, medos e temores
Receia doença, dor, sofrimento
Sofre quase sempre com seus amores
Amargura num simples pensamento

Pleno de defeitos e virtudes
Com sentimento grande e profundo
São dele as nobres ou vis atitudes
Que vão sucedendo neste mundo!

Trás a guerra e a paz nas suas mãos
Nos seus olhos, a cobiça e a ambição
Rouba, tira ou dá, aos seus irmãos
E reza pedindo a Deus o seu perdão!

E no seu juízo final
De que foge e luta até poder
Morre, torna-se imortal
O homem, esse pequeno grande ser!

27 julho 2011

HISTORIAS DE GUERRA XI

"Pessoal, manga de catota!..."

Recordo hoje um pequeno episódio de guerra que ocorreu em 1974, na zona de Bassarel.

Diariamente um grupo de combate, da 3ª. Companhia, do Bat. Caç. 4615, sediada em Bassarel, fazia o patrulhamento da área, a fim de garantir a segurança do pessoal e detectar qualquer movimento suspeito das forças contrárias.

Certo dia, no decorrer de um patrulhamento, o grupo  segue pela orla da floresta  rodeando uma "Bolanha" que naquela altura do ano estava praticamente seca. O terreno fazia uma inclinação e na parte mais baixa subsistia ainda um pequeno poço de água que por vezes era aproveitado por elementos da população para as suas necessidades de banho e lavagem de roupa.

De repente eis que no outro lado da bolanha, a uma distância de 400 ou 500 metros, surge uma mulher que desprevenidamente se despojara da sua roupa e caminhava em direcção á água. Ao avistar a tropa a mulher pára e em geito de desafiador convite, grita:

-Pessoal, manga de catota!!!...

Ao ouvir esta frase o "Gato", alcunha de um dos nossos elementos impulsivamente arranca em direcção á mulher correndo desalmadamente pela bolanha fora!
Pelo caminho vai largando todo o equipamento que o possa atrapalhar na corrida. Tropeça aqui, cai acolá, continua a correr, na ânsia de chegar rapidamente junto da mulher.

Ao ver esta desenfreada corrida, a mulher entra rapidamente na floresta e desaparece.

O Gato continua a correr, até chegar ao outro lado, onde já não encontra a mulher.

Desiludido pelo inesperado desaparecimento, escuta atrás de si, as gargalhadas dos camaradas que aguardavam expectantes o desenlace desta acção.

Regressa ofegante, cansado, recolhendo todos os objectos que tinha deixado para trás e recebe uma valente reprimenda do comandante da patrulha. Com aquela impensada atitude tinha posto em risco não só a sua vida, como a vida de todos os seus camaradas de patrulha.

Felizmente foi apenas uma brincadeira da mulher e não uma perigosa armadilha como o comandante e os outros, chegaram a supor.

Para o Gato foi uma humilhação que teve de suportar por muito tempo, aguentando a chacota dos seus camaradas que de vez em quando faziam questão de lhe relembrar a cena.

Também eu, hoje, a relembro nestas minhas histórias de guerra ... apenas e só para vos dizer que apesar de tanto tempo passado, estes episódios continuam bem vivos na memória.

Se por um acaso, algum destes camaradas ler esta história, dê um sinal que pode ser apenas... eu estive lá!

01 junho 2011

PATINHOS


Terno, belo, inocente


O Pato com a Pata
Fazem um par engraçado
O pato nunca se aparta
Da pata que tem a seu lado!


Par fiel e submisso
E feliz concerteza
Cumprem o compromisso
Que lhes deu a natureza!


E os filhotes chegaram
Todos muito bonitinhos
Ao vê-los logo exclamaram
Oh, que lindos patinhos!


Eu digo com franqueza
Para mim é suficiente
Ver assim a natureza
Terna, bela, inocente!

30 maio 2011

PEC

O PEC é uma desgraça
Que nos está a acontecer
Por mais que a gente faça
Continuamos a sofrer!

04 maio 2011

CABEÇA LOUCA

Vai fazendo pela vida....


Esta cabecinha louca
Onde a ideia é pouca
Não se dá por vencida
Com mais ou menos dor
Seja com que PEC for
Vai fazendo p'la vida!

03 março 2011

SÓ VÊ QUEM QUER

Da forma que mais lhes convém!!!


Eu ainda não sei
Mas gostava de saber
Se pior é quem não vê
Se é o que não quer ver!


Ás vezes uma pessoa
Toma iniciativa
Parece versar á toa
Mas deixa uma missiva


Eu vou tentar esclarecer
O que quero dizer afinal
Ainda há quem não quer ver
Que assim as coisas vão mal!


Cantam sempre vitórias
Parece estar tudo bem
Contam suas histórias
Da forma que mais lhes convém!


Dizem hoje, está tudo bem
Mas amanhã, nem por isso
Esquecendo logo também
Palavra e compromisso!


A todos eles acusam
De faltarem á verdade
Mas por seu lado recusam
Ter responsabilidade!


Dizem qu'é da conjuntura
E a culpa é de ninguém
Que nós nesta amargura
Vivamos quase sem vintém!

24 janeiro 2011

VIDA

É uma vida desgraçada
Que temos nesta ocasião
Uma mão cheia de nada
E outra cheia de ilusão!

11 janeiro 2011

CHAROLAS

Tradição cultural ou atraso de vida?

No âmbito do 1º. Encontro de Cantares ao Menino que teve lugar no final do mês de Dezembro, na igreja matriz de São Brás de Alportel, o Senhor Padre Cunha, fez declarações á Digital Mais TV, em desabono das Charolas que me parecem totalmente gratuitas e fora da realidade.

Na sua opinião "as charolas são um atraso de vida, inadmissível em pleno século XXI porque repetem as melodias que ouvem umas das outras"!

Num comentário ás declarações do senhor Padre, contradigo que as Charolas com mais de cem anos de existência nunca perderam a identidade que passa de geração em geração continuando genuínas, sem imitações.

Naturalmente que sendo charolas, são iguais a si próprias, não são ranchos folclóricos, grupos corais ou de musica popular. Isto evidentemente sem qualquer menosprezo por estes grupos que aliás muito admiro.

Saí pela primeira vez numa charola há quarenta e cinco anos, onde já o meu pai andava e há mais de noventa anos, o meu avô também andou.
Histórias iguais á minha são vulgares nas charolas onde quase todos os que lá andam, já lá tiveram os seus pais e avós de quem herdaram o conhecimento e gosto por esta tradição de cantar de porta em porta.

Posso afirmar que no essencial o reportório continua igual ao dos nossos avós ou seja, a entrada, o canto velho, a valsa das vivas, o canto novo e a marcha de saída. Naturalmente que se tentam levar musicas e versos novos, todos os anos, excepto o canto velho.

Também se mantêm os elementos identificativos, como sejam, os estandartes, a caixa do menino e os instrumentos musicais.
A diferença é que actualmente os grupos são mais numerosos e os instrumentos musicais são em maior quantidade.

Há alguns anos atrás, os elementos da charola e os amigos quotizavam-se para poder pagar as despesas o que actualmente já não acontece valendo-se das esmolas que rendeu a caixa do menino.

As charolas de Santa Bárbara de Nexe e Bordeira ainda se quotizam porque não usam a caixa do menino.

Anualmente no início de cada ano as charolas continuam a cantar de casa em casa, em locais públicos e nos encontros ou festivais, tal como sempre tem acontecido, pelo menos, nos últimos cem anos.

Os seus elementos não sabem se é cultura, amor, paixão ou "atraso de vida", só sabem que todos os anos no mês de Outubro começam a juntar-se duas vezes por semana para os ensaios, para que no primeiro dia do ano, a Charola saia, cantando ao Menino, dando vivas e fazendo "votos de Boas Festas e Bom Ano Novo, para todos!"

Quando se ouve uma Charola cantar, não se imagina todo o trabalho que foi preciso até chegar o momento da saida para a rua e apresentação publica. Posso afirmar que esse trabalho decorre todos os anos, ao longo de mais de seis meses, entre a escolha e preparação das musicas, dos versos do canto novo e o último ensaio que ás vezes é quase no dia da passagem do ano.

Por todas estas razões não aceito de bom grado, as declarações do Senhor Padre Cunha que considero ligeiras e fruto de falta de informação.