08 agosto 2020

ÁS VEZES CHORO



Eu levo a vida fingido
Com mais ou menos decoro
Se por fora estou sorrindo
Por dentro ás vezes choro!


Finjo até haver dor
Mesmo quando ela não há
Finjo com tanto ardor
Por vezes até dor me dá!


Também finjo no amor
Quando amor não sinto
Finjo sem qualquer pudor
Até no amor minto!


É tanto o fingimento
Que já nem sei o que fazer
Agora o que mais lamento
É que finjo até sem querer!


Para aumentar o tormento
Vejam o que agora descobri
Fingindo que é fingimento
Até  no fingir eu fingi!



17 junho 2020

BURRO CIGANO



De histórias sou contador
E conto seja o que for
Em prosas simples ou rimadas
Semelhanças com a realidade
Elas podem ter na verdade
Mas todas são inventadas! 


Nesta história de inventar
Eu digo o que vem a calhar
Sem muita ou pouca ciência
Se com a verdade parecer
Então eu só poderei dizer
Que é impura coincidência!


Hoje, sem nada para contar
Fico aqui a imaginar
Como tudo seria diferente
Se todos nos entendêssemos
E em paz assim vivêssemos
Animais, natureza e gente!


Para dizer a verdade
Ás vezes sinto saudade
Dos tempos da minha infância
Não é que queira lá voltar
Mas gosto de recordar
Aquela santa ignorância!


Vivia na inocência
Sem arte ou qualquer ciência
Era assim o dia a dia
Enquanto o tempo passava
Comia, bebia, brincava
Sempre com muita alegria!


Mas a infância passou
E finalmente chegou
A idade tão desejada
Num adulto me transformei
Trabalhei, fui à guerra e casei
E a vida ficou complicada!


Tal como um burro cigano
Sempre apanha do seu dono
Mesmo que isso não mereça
Também tenho a minha sina
Tudo o que Deus me destina
Apanho  na minha cabeça!


Não é para protestar
Nem sequer assim deixar
Queixas ou rebeldia
Só quero estar em paz
Com o que ficou para trás
E viver o dia a dia!

14 maio 2020

NUM SIMPLES VERSO


Fazer poesia é confessar-se
Pura verdade confesso
É despir-se, desnudar-se
Apenas num simples verso!

Com alguma imaginação
E num simples verso apenas
Contamos na perfeição
Segredos, mágoas e penas!

Poetas e rimadores
Com o seu modo e geito
São apenas fingidores
Fingindo quase perfeito!

Perdoem-me se exagerei
Quando a verdade se requer
Em minha defesa direi
Que nem sou poeta sequer!

Sou um simples rimador
Que em poeta se disfarça
Falo ás vezes com ardor
Embora sem muita graça!

Para que tudo acabe bem
E não fique mágoa nem dor
Desculpas peço também
A  todo o que poeta for!


08 abril 2020

PALAVRAS SEM VIRUS




As palavras vou juntando
Ás vezes sem muito sentido
É a forma de ir passando
O tempo que estou retido!

Fico à janela a olhar
A rua agora deserta
Pensando se irá acabar
O vírus que medo desperta!

Meu pensamento resvala
Num sentimento profundo
Um grito de dor que não cala
Que vai percorrendo o mundo!

Será que iremos vencer
Esta temível doença
E um dia poder esquecer
A sua nefasta presença!


05 abril 2020

ELOGIOS


Não façam elogios tais
Dirigidos só a mim
O mérito foi dos meus pais
Que me fizeram assim!

Desculpem amigos meus
Por esta ilusória quimera
Mas quem assim sai aos seus
De certo que não degenera!

Ás vezes é o que acontece
Quando os outros julgamos
Nem sempre é o que parece
Tão pouco como pensamos!

Para que tudo acabe bem
E porque me sinto feliz
Quero agradecer também
A quem bem de mim diz!

ENQUANTO ESTE VÍRUS DURAR


Na tua casa deves ficar
Cumpre este preceito também
P’ro vírus não te apanhar
E não o passares a ninguém!

Mas se tiveres que sair
Protege-te toma cuidado
Porque mais vale prevenir
Do que p’lo vírus apanhado!

Lava bem as tuas mãos
Cara, boca e olhos também
Afasta pais, filhos e irmãos
E deixa os vizinhos além!

Os avós deixa-os estar
Que fiquem bem onde estão
Se não os podes visitar
Melhores dias chegarão!

Agora tens de te proteger
Se o amigo chama, acena
Só tens que lhe responder
Não posso estou de quarentena!

Nunca é demais repetir
Este conselho já dado
Lembra que não deves sair
Fica em casa, cuidado!

Um sincero voto final
Eu quero aqui desejar
Nada aconteça de mal
Enquanto o vírus durar!

18 janeiro 2020

POETA VADIO


Quem estiver a tentar
Uma rima encontrar
E não lhe achar o feitio
Sempre pode fazer
Essa rima aparecer
Com o poeta vadio!

Sou o poeta vadio
Que aceita o desafio
De qualquer rima achar
Só é preciso pedir
Que encontro logo a seguir
A rima que lhe faltar!

Ser vadio não é virtude
Mas outra coisa não pude
Sou vadio sem vocação
As rimas que faço por gosto
Não são mais que o simples rosto
Da minha imaginação!