16 abril 2007

BENFICA

"Sou Benfiquista do coração!"

AI O BENFICA QUE NÃO GANHOU
O JOGO QUE TINHA QUE GANHAR
O SONHO DE CAMPEÃO ACABOU
COM OS BENFIQUISTAS A CHORAR

ASSIM TERMINA A ILUSÃO
SONHO DE MUITOS BENFIQUISTAS
DE PORTUGAL SER O CAMPEÃO
GLORIA DE MUITAS CONQUISTAS!

A VIDA NÃO ACABA OH BENFICA
POR ISSO CONTINUA A LUTAR
O SONHO RENOVADO AQUI FICA
DE PRO ANO SERES TU A GANHAR!

SOU BENFICA DO CORAÇÃO
NÃO HÁ NADA QUE FAÇA MUDAR
MESMO COM ESTA DESILUSÃO
MAIS UM ANO SEM NADA GANHAR

SER BENFIQUISTA É UMA PAIXÃO
QUE NUNCA SERÁ ESQUECIDA!
É FORÇA, GOSTAR, EMOÇÃO
QUE TENHO PARA TODA A VIDA!

07 abril 2007

HISTÓRIAS DE GUERRA II


"O Gerreiro do Sul na Povoa de Varzim”
Após o “Juramento de Bandeira” em Tavira, tive apenas alguns dias para passar o Natal com a família e, no princípio de Janeiro de 1973, apresentei-me na Povoa de Varzim, para mais um episódio de guerra.
Cheguei era noite cerrada. Logo que saio do comboio fui assediado por várias mulheres que disputavam entre si, a minha hospedagem em suas casas.
A princípio não percebia bem o que pretendiam (os moços do sul são de compreensão lenta ou então andam distraídos com as belezas das praias do sul), mas aos poucos lá fui entendendo que no quartel não havia alojamento, por isso eu teria de me alojar na casa de uma delas.
Sendo assim, escolhi a que me pareceu mais simpática que me alojou num quarto da sua própria casa, muito limpo e arrumado.
A grande distância que me encontrava de casa e o preço das viagens de ida e volta, fez com que durante os dois meses e meio que estive na Povoa, apenas duas ou três vezes fosse gozar o fim-de-semana a Faro.
Certa noite, num dos muitos fins-de-semana que lá passei, bateu-me à porta do quarto, a filha da minha hospedeira, com um secador que não funcionava, para ver se eu o conseguia pôr a funcionar.
A moça seria mais ou menos da minha idade, isto é, vinte e uma bonitas primaveras (que bela idade, não acham?).
Como eu me sentei na cama, ela sentou-se a meu lado. Não sei se propositadamente ou não, encostou-se demasiado a mim, provocando-me um enorme calor que percorreu todo o corpo.
A avaria não passava de um simples fio desligado na ficha mas aquele calor, perturbou-me e fiquei ali a olhar… a olhar… a olhar… para ficha! Claro!
Mas um guerreiro é um guerreiro ainda para mais habituado aos calores do sul e num momento destes qualquer um de vocês faria o mesmo “???”.
Por isso rapidamente controlei a situação, recuperei a calma, devolvi o secador à moça que agradeceu e saiu do quarto. (Que descrição espectacular da acção! Não acham?)
Bom e se querem saber, desde esse episódio até final da minha permanência em sua casa, nunca mais vi a moça. Extraordinário! Porque seria?
Entretanto, na guerra tudo bem, lá fui aprendendo a fazer as ementas, os cálculos e passaram dois meses e meio.
E veio a “semana de campo”. Todos os guerreiros, carregados com os seus apetrechos de guerra, marcharam uns quinze ou vinte quilómetros por estrada quase sempre em alcatrão até à mata que ficava junto a uma praia, onde acampámos.
Com os pés doridos, escaldando, mal avistámos a praia descalçámos as botas, correndo para a água, tentando refrescar os pés, mas eu, guerreiro do sul, com a mesma corrida que entrei, saí!
Eh pá, a água está gelada! Exclamei.
Os guerreiros do norte limitaram-se a sorrir e a continuar na água.
No final do acampamento, regressámos pelo mesmo percurso, tivemos o jantar de despedida, terminou a “especialidade” e passei a “pronto”.
Pelo meio ainda tive tempo de ir ás Antas numa tarde de enorme temporal ver o meu "Farense" apanhar cinco. Também de vez em quando, pela manhã, antes de entrar no quartel, passava pela tasca do Tio João, para comer umas iscas e beber um "quartilho" de vinho tinto verde, aliás o que fazia também muito boa gente, incluindo algumas mulheres de faces bem rosadas e que diariamente não dispensavam o seu “quartilho de tinto verde” (são tramadas as mulheres do norte, não são?).
Foi assim com honra mas sem glória a passagem deste guerreiro do sul, pela Povoa.
Alguns dias mais tarde, iria começar na Amadora, um novo episódio de guerra.
“Vagomestre”.
Ou melhor descrito: -Sargento de alimentação.
O episódio da Amadora contarei numa próxima oportunidade.
Até lá, se não for antes.

06 abril 2007

HISTÓRIAS DE GUERRA I



“Não lavou, mas pensou. Caguei!!!”


Uma história nunca começa pelo meio ou antes não deveria começar. No meu caso, as histórias de guerra começaram de acordo com a recordação que no momento me veio à memória.

Vou agora tentar ordenar a cronologia dos acontecimentos.
A história que hoje conto foi cronologicamente vivida primeiro do que a da “Bajuda”.

Como diria um amigo meu, partindo do principio (sim porque partir do meio ou do fim, é batota), digo-vos que entrei p’rá guerra aí por volta das quatro da tarde de uma Segunda ou Terça-feira no início de Outubro de mil, novecentos e setenta e dois.

Cheguei de comboio á estação de Tavira, dirigi-me para o quartel, onde a guerra já me esperava. Identificaram-me a mim e mais um grande número de futuros guerreiros entregando-nos os primeiros pertences de guerra, isto é, a farda e os talheres com um púcaro inox.
Digo-vos que fomos muito bem recebidos pelos nossos camaradas guerreiros já mais adiantados na guerra, de tal forma que nos alojaram em camaratas, ficando cada qual com a sua cama e armário.
Digo isto porque na guerra somos” todos por um e um por todos”, mas neste caso não, era cada um com a sua.
Extraordinário!
Á noite, pela madrugada, para nos incentivarem colocavam musica com mensagens muito sugestivas, informando-nos que se tivéssemos a sorte de morrer na guerra, seríamos condecorados a título póstumo.

Para que soubéssemos como seria a cerimónia, até a simulavam, mencionando os nossos nomes “fulano tal, condecorado a título póstumo, por morte em combate em Angola, ou na Guiné ou em…”, sendo incansavelmente repetida durante toda a noite, através da instalação sonora da caserna.
Os nossos camaradas eram tão atenciosos que à tarde, para que não tivéssemos de tomar banho e depois vir a constipar-nos, fechavam a água das casas de banho.
O problema é que ás vezes (sempre) chegavamos enlameados, com a barba por fazer. Mas com um pouco de imaginação enchíamos umas garrafinhas de água que guardávamos nos armários para poder fazer a barba e tomar um pequeno banho.
A seguir, na formatura, éramos inspeccionados minuciosamente só para se certificarem que a nossa imaginação funcionava. Caso não funcionasse teriamos o fim de semana à "benfica" isto é, escrito a encarnado.
Bom, tanta conversa e ainda nem sequer comecei a contar a história que hoje queria contar.
Então aqui vai.
Um dia quando saía do refeitório após o almoço, dirigi-me para uma bica que ficava mesmo em frente à saída, como aliás todos fazíamos a fim de lavar o púcaro e os talheres porque caso contrário arriscávamo-nos a chegar á caserna e não ter água para os lavar.
Muita gente à volta da bica quase todos quietos e calados, mas na minha santa ingenuidade nem percebi o que se estava a passar, lá fui empurrando os que se encontravam à minha frente até chegar à bica. Mal cheguei, estendi a mão com os talheres, mas de repente apercebi-me que exactamente no lado oposto estava o “oficial de dia” de papel e caneta em punho. Assim, olhei para ele e perguntei sem me atrever a mexer na água: “Posso?” e a resposta veio rápida, em forma de pergunta: “O número?” percebi então o que fazia ali o tenente com a caneta em punho e protestei: “Mas eu não lavei!” E a rápida resposta pergunta: -“Não lavou mas pensou. Caguei! O número?”
Lá tive de dar o número ganhando o meu primeiro fim-de-semana à “Benfica”! Isto é, passei-o fechado no quartel.
E sabem qual foi a música que mais escutei durante este fim-de-semana, especialmente no domingo? Foi esta: “Mamã, estou tão longe de ti! Não chores que o tempo passa depressa…”
E não é que passou mesmo!

Dois meses depois já eu ia a caminho do meu próximo destino Póvoa de Varzim e da minha próxima história de guerra.
Até lá. Até à Póvoa.
Ah, já me esquecia, foi bom jurar bandeira, aprender a ter respeito por aquele rectângulo bicolor que é o símbolo da nossa pátria.
Hoje, custa-me vê-la, esquecida, já em farrapos, pendurada por toda a parte, num desprezo total pelo seu significado e simbolismo.

Será que as pessoas que a mantêm nessas condições, sabem quantos morreram só para a defender?!
Bom, isto são guerras de outra história ou histórias de outra guerra.

Talvez um dia eu lhes conte a do "hastear da bandeira" que me ia lixando as férias na metrópole.

Conto quase de certeza que um dia contarei.

01 abril 2007

HISTORIAS DE GUERRA



“Bajuda para Furriel”

Recordo com alguma saudade a minha passagem por África.
Fui para África, mais propriamente para a Guiné-Bissau, no cumprimento do serviço militar, naquele tempo obrigatório.
A situação de guerra normalmente não deixa boas recordações mas no meio de tantos episódios vividos, uns bons outros menos bons, alguns teimam em não desaparecer da memória. De entre eles, recordo um que pelo inesperado da situação me deixou na altura um pouco atrapalhado.
Tomava o meu duche da tarde, nos chuveiros improvisados pela “tropa” e que consistiam nuns bidões de lata colocados aí a uns dois metros de altura, aos quais foram adaptados os chuveiros.
A vedação dos duches improvisados com pouco mais de um metro de altura era feita de ripas de troncos de palmeira, isto é, quando alguém tomava duche, via e era visto por toda a gente que se encontrasse nas imediações.
Tal como dizia, tomava o meu duche quando me apercebi que mesmo encostado à vedação no outro extremo do duche se encontrava um “Cipaio” (um policia civil do mato) acompanhado de uma moça ainda muito jovem quase criança e ambos pareciam esperar que terminasse o meu duche.
Fiquei com um pouco de pudor mas não querendo dar parte de fraco continuei o duche. Entretanto ia pensando o que quereria desta vez o Cipaio e o que faria ali a moça.
Este Cipaio pertencia a um grupo de amigos civis que a meio do mês me iam pedir dinheiro emprestado. Também por vezes vinha o pedido de açúcar, arroz ou simplesmente uma cervejinha.
Ainda não disse, mas eu era Vagomestre, tinha a meu cargo a gestão da alimentação de toda a “companhia”, portanto era-me relativamente fácil arranjar algum arroz e açúcar para dar aqueles amigos que me ajudavam junto da população civil a adquirir alguns alimentos para o "rancho".
Verdade seja dita que em relação aos empréstimos de dinheiro sempre me foram infalivelmente pagos no final de cada mês, repetindo-se o empréstimo a meio do mês seguinte.
Mas voltando ao Cipaio e à moça, terminado o duche limpei-me à pressa, vesti os calções e lá fui direito ao homem perguntar o que queria.
“Trago Bajuda para o furriel” foi a surpreendente resposta.
Trazes o quê pá?! Perguntei atrapalhado.
“Bajuda” para o furriel, repetiu convincente o Cipaio. (“Bajuda” queria dizer no seu dialecto “virgem” ou ” moça virgem”).
Eh pá mas eu não te pedi Bajuda! Exclamei eu, surpreendido com a resposta.
Pois não, mas furriel boa pessoa e eu resolvi trazer Bajuda, falei com pai dela e ele ofereceu-a para furriel.
Naquele momento vários pensamentos me passaram pela cabeça. Se por um lado me era impossível aceitar a moça, por outro, como recusar tão amável oferta, sem que os ofertantes ficassem ofendidos.
Lá fui dizendo que tinha esposa e filhos em Portugal, por isso não podia ter outra mulher.
Mas isso para ele não fazia qualquer diferença uma vez que ele próprio tinha quatro esposas.
De repente lembrei-me que dias antes quando me veio pedir dinheiro lhe ter dito a brincar como é que o dinheiro lhe havia de chegar se sustentava quatro mulheres tendo -me ele na altura respondido que tinha as quatro esposas porque “Deus” queria.
Então disse-lhe: -Agradeço muito a oferta a ti e ao pai dela, ela é muito bonita, gostava de ficar com ela, mas o meu Deus que é diferente do Teu, não permite que eu tenha mais que uma esposa por isso não posso ficar com ela.
Vendo que ele concordava, acrescentei: -Agora gostava de oferecer a ti e a ela qualquer coisa, diz lá o querem?
Ele respondeu que ela não queria nada mas que ele aceitava uma cerveja.
E lá foi tomar a sua cervejinha.
Com a ajuda de Deus e da “cervejinha” devolvi à procedência aquele tão belo quanto inesperado presente!
Termina aqui esta história de guerra.
Talvez um dia lhes conto a história do meu amigo “Pimenta” que além de bom cozinheiro era gago e andava sempre com um “grãozinho na asa”.
Um dia quase deixa destruir toda a cozinha porque engasgou quando pretendia gritar ao condutor da “Berliet” que parasse. Entretanto a Berliet de marcha-atrás ia passando a ferro todas as panelas e fogões que compunham a nossa cozinha, sem que o seu condutor percebesse o que se passava.
O Pimenta lá desengasgou e conseguiu dizer: -Venha … venha… venha… ver o que fez!!!
E o condutor veio e viu tudo esborrachado debaixo da Berliet. Para não falar no almoço que estava perdido no chão. E ficou furioso com o Pimenta. Mas o Pimenta engasgou novamente e ninguém percebia o que dizia.
Histórias de guerra, de vinho e de gaguez.
Histórias de vida!
Um dia ainda lhes conto aquela … do Nunes. Ah, o Nunes … Bom esta fica para a próxima.
Também fica para a próxima a do periquito. Ah, a propósito sabem como eram alcunhados os jovens militares que chegavam à Guiné? Periquitos!

E sabem porquê? Porque todos os periquitos da Guiné são verdes, tal como os militares que acabavam de chegar.
Um abraço. Em especial para todos os ex-combatentes!
Já depois de ter escrito esta história encontrei por acaso uma página que considero bastante completa, sobre a Guiné-Bissau, por isso deixo aqui o endereço aos possiveis interessados http://leoesnegros.com.sapo.pt/index.html