10 novembro 2007

HISTORIAS DE GUERRA VIII


"Bassarel ... porta de armas"

Chegaram os “piras”!
Chegaram os periquitos!
Eram os gritos de alegria, dos guerreiros que nos aguardavam em Bassarel.
A “velhice” vai para a “peluda”, os periquitos ficam!
E ficámos!
Eles partiram eufóricos, em direcção a Teixeira Pinto, juntando-se ao seu Batalhão, numa coluna que os levaria até Bissau e daí para casa.

Nós por cá continuaríamos por mais onze meses recheados de episódios, acidentes e incidentes de guerra.

Bassarel, é um pequeno aldeamento, constituído por um aglomerado de “Tabancas”, casas muito rudimentares, situado entre Teixeira Pinto e “Calequisse”.
Um poço de água salobra, com uma bomba manual, serve igualmente a população civil e os militares, situa-se a pouca distancia da porta de armas, assim como, um posto de saúde publica, o qual é unicamente operado pelo nossos guerreiros enfermeiros. Tudo fora do aquartelamento.

Num espaço desmatado e plano situa-se o aquartelamento, idêntico a muitos outros na Guiné, a sua configuração é a de um quadrado, limitado por duas vedações de arame farpado.
A cada um dos seus quatro cantos, instalações para um Grupo de Combate, ao centro funciona o Comando e os serviços da Companhia, tais como secretaria, radiocomunicações, enfermaria, bar, oficina de armamento, oficina de mecânica, armazém de víveres e respectiva cozinha.
Escavado no solo, praticamente invisível esconde-se o paiol, onde são armazenadas as munições.
A iluminação, é fornecida por um gerador eléctrico situado próximo da porta de armas, entre os dois arames.

Como protecção existe em frente ás saídas de todas as instalações, muros construídos com bidões de chapa cheios de areia. Também em cada um dos quatro cantos existe os postos de vigia construídos igualmente com bidões e areia. A completar este esquema de segurança, as valas escavadas na terra, circundam as instalações dos grupos de combate até aos postos de vigia oferecendo também a protecção possível.

Junto à porta de armas, o mastro onde hasteamos a Bandeira Nacional.
Acabado de chegar, o guerreiro do sul, ouve atentamente as explicações do camarada guerreiro que vai substituir, tomando de imediato o comando da alimentação da Companhia.
Tal como o seu antecessor, instala-se no armazém de viveres, onde tem o seu posto de trabalho e a sua camarata.
Para além deste armazém, há um forno para cozer o pão e uma cozinha de campanha, um pouco precária e improvisada mas que na prática funciona.
Aqui está a 3ª. Companhia do Batalhão de Caçadores 4615, instalada e pronta.
Nas instalções do comando, o posto de radiocomunicações já recebe as ordens para as próximas missões.
Se a memória me ajudar, em breve contarei mais alguns episódios de guerra.
Até lá.

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