24 janeiro 2011

VIDA

É uma vida desgraçada
Que temos nesta ocasião
Uma mão cheia de nada
E outra cheia de ilusão!

11 janeiro 2011

CHAROLAS

Tradição cultural ou atraso de vida?

No âmbito do 1º. Encontro de Cantares ao Menino que teve lugar no final do mês de Dezembro, na igreja matriz de São Brás de Alportel, o Senhor Padre Cunha, fez declarações á Digital Mais TV, em desabono das Charolas que me parecem totalmente gratuitas e fora da realidade.

Na sua opinião "as charolas são um atraso de vida, inadmissível em pleno século XXI porque repetem as melodias que ouvem umas das outras"!

Num comentário ás declarações do senhor Padre, contradigo que as Charolas com mais de cem anos de existência nunca perderam a identidade que passa de geração em geração continuando genuínas, sem imitações.

Naturalmente que sendo charolas, são iguais a si próprias, não são ranchos folclóricos, grupos corais ou de musica popular. Isto evidentemente sem qualquer menosprezo por estes grupos que aliás muito admiro.

Saí pela primeira vez numa charola há quarenta e cinco anos, onde já o meu pai andava e há mais de noventa anos, o meu avô também andou.
Histórias iguais á minha são vulgares nas charolas onde quase todos os que lá andam, já lá tiveram os seus pais e avós de quem herdaram o conhecimento e gosto por esta tradição de cantar de porta em porta.

Posso afirmar que no essencial o reportório continua igual ao dos nossos avós ou seja, a entrada, o canto velho, a valsa das vivas, o canto novo e a marcha de saída. Naturalmente que se tentam levar musicas e versos novos, todos os anos, excepto o canto velho.

Também se mantêm os elementos identificativos, como sejam, os estandartes, a caixa do menino e os instrumentos musicais.
A diferença é que actualmente os grupos são mais numerosos e os instrumentos musicais são em maior quantidade.

Há alguns anos atrás, os elementos da charola e os amigos quotizavam-se para poder pagar as despesas o que actualmente já não acontece valendo-se das esmolas que rendeu a caixa do menino.

As charolas de Santa Bárbara de Nexe e Bordeira ainda se quotizam porque não usam a caixa do menino.

Anualmente no início de cada ano as charolas continuam a cantar de casa em casa, em locais públicos e nos encontros ou festivais, tal como sempre tem acontecido, pelo menos, nos últimos cem anos.

Os seus elementos não sabem se é cultura, amor, paixão ou "atraso de vida", só sabem que todos os anos no mês de Outubro começam a juntar-se duas vezes por semana para os ensaios, para que no primeiro dia do ano, a Charola saia, cantando ao Menino, dando vivas e fazendo "votos de Boas Festas e Bom Ano Novo, para todos!"

Quando se ouve uma Charola cantar, não se imagina todo o trabalho que foi preciso até chegar o momento da saida para a rua e apresentação publica. Posso afirmar que esse trabalho decorre todos os anos, ao longo de mais de seis meses, entre a escolha e preparação das musicas, dos versos do canto novo e o último ensaio que ás vezes é quase no dia da passagem do ano.

Por todas estas razões não aceito de bom grado, as declarações do Senhor Padre Cunha que considero ligeiras e fruto de falta de informação.

10 janeiro 2011

CANTICOS AO MENINO E DE BOAS FESTAS