02 agosto 2009

HISTORIAS DE GUERRA VIII

"Bassarel"


Chegaram os “piras”!
Chegaram os periquitos!
Eram os gritos de alegria, dos guerreiros que nos aguardavam em Bassarel.
A “velhice” vai para a “peluda”, os periquitos ficam!
E ficámos!
Eles partiram eufóricos, em direcção a Teixeira Pinto, juntando-se ao seu Batalhão, numa coluna que os levaria até Bissau e daí para casa.

Nós por cá continuaríamos por mais onze meses recheados de episódios, acidentes e incidentes de guerra.

Bassarel, era um pequeno aldeamento, constituído por um aglomerado de “Tabancas”, casas muito rudimentares, situado entre Teixeira Pinto e “Calequisse”.
Um poço de água salobra, com uma bomba manual que servia igualmente a população civil e os militares, situava-se a pouca distancia da porta de armas, assim como, um posto de saúde publica, o qual era unicamente operado pelo nosso guerreiro enfermeiro furriel Mendes. Tudo fora do aquartelamento.

Num espaço desmatado e plano situava-se o aquartelamento, idêntico a muitos outros na Guiné, a sua configuração era a de um quadrado, limitado por duas vedações de arame farpado.
A cada um dos seus quatro cantos, instalações para um Grupo de Combate, ao centro funcionavam o Comando e os serviços da Companhia, tais como secretaria, radiocomunicações, enfermaria, bar, oficina de armamento, oficina de mecânica, armazém de víveres e respectiva cozinha.
Escavado no solo, praticamente invisível estava o paiol, onde eram armazenadas as munições.
A iluminação, era fornecida por um gerador eléctrico situado próximo da porta de armas, entre os dois arames.

Como protecção existiam em frente ás saídas de todas as instalações, muros construídos com bidões de chapa cheios de areia. Também em cada um dos quatro cantos existiam os postos de vigia construídos igualmente com bidões e areia. A completar este esquema de segurança existiam valas escavadas na terra circundando as instalações dos grupos de combate até aos postos de vigia que ofereciam alguma protecção.

Junto à porta de armas, o mastro onde hasteávamos diariamente a Bandeira Nacional.

Tudo parecendo um pouco improvisado mas que na prática funcionava.